Troquei minha MTB por uma bike Speed: Tudo o que ninguém me avisou (e você precisa saber)

Da terra ao asfalto — quando trocar a MTB pela speed vira uma revolução no pedal

Trocar uma MTB por uma bike speed pode parecer, à primeira vista, apenas uma mudança de estilo. Mas quem já passou por essa transição sabe: é uma verdadeira revolução na forma de pedalar, pensar e até viver o ciclismo. Quando tomei a decisão de aposentar (ou ao menos deixar de lado) minha mountain bike e partir para uma bicicleta de estrada, não fazia ideia do quanto isso mudaria minha rotina, meu desempenho e minha relação com a bike. E o mais surpreendente: há muitas coisas que ninguém me avisou — e que, se eu soubesse antes, teria me preparado melhor.

A MTB (mountain bike) sempre foi uma escolha versátil. Aguenta buracos, sobe meio-fio com tranquilidade, encara trilhas e é confortável mesmo em terrenos difíceis. Ela oferece uma sensação de robustez e controle que é difícil abandonar. Por isso, a ideia de trocar por uma bike speed — com pneus finos, geometria agressiva e proposta mais “delicada” — gera desconfiança em muitos ciclistas. A impressão é que você estará perdendo liberdade para ganhar… o quê exatamente?

A verdade é que, apesar dos receios, a bike speed oferece uma série de vantagens surpreendentes, mesmo (e principalmente) para quem não é profissional. Desde a leveza no pedal até o ganho em rendimento, passando por um novo prazer de explorar longas distâncias com menos esforço, essa mudança pode ser transformadora. Mas, claro, ela também traz desafios, ajustes, aprendizados e frustrações iniciais que ninguém costuma contar com sinceridade.

Este post é um relato completo e honesto sobre a experiência de trocar uma MTB por uma bike speed. Compartilho aqui o que aprendi na prática, o que teria feito diferente, os ganhos, as dores, e todas aquelas surpresas (boas e ruins) que descobri depois da troca. Seja você um iniciante curioso, um ciclista experiente considerando a mudança, ou apenas alguém querendo entender as diferenças entre os dois mundos, aqui vai encontrar uma visão realista, sem glamour ou exageros.

Prepare-se para mergulhar em detalhes técnicos, sensações reais, comparações diretas e dicas práticas que vão te ajudar a decidir se a troca também faz sentido para você. Porque o que ninguém me avisou, agora você vai saber.


1. Por que decidi trocar a MTB por uma bike speed?

Durante anos, minha MTB (mountain bike) foi minha fiel companheira. Pedalei por ciclovias, trilhas leves, subidas duras, ruas esburacadas e até fiz deslocamentos urbanos com ela. Versátil, resistente e confiável, a MTB me dava a sensação de liberdade, robustez e controle. Mas, com o tempo, comecei a sentir que estava estagnando como ciclista. Meus treinos no asfalto eram sempre mais pesados do que precisavam ser. Sentia que o esforço era grande demais para a velocidade que eu conseguia manter, especialmente em pedais longos.

Foi aí que comecei a observar outros ciclistas nas estradas. Muitos passavam por mim com velocidade suave, quase sem esforço, e com aquele som hipnótico da catraca da bike speed cortando o vento. Comecei a me perguntar se não era hora de experimentar algo novo. Meu foco estava mudando: queria percorrer distâncias maiores, melhorar meu rendimento no asfalto, e pedalar com mais leveza.

Depois de pesquisar bastante e conversar com ciclistas mais experientes, decidi: era hora de trocar minha MTB por uma bike speed. Mas o que parecia uma simples mudança de equipamento se revelou uma experiência cheia de aprendizados, ajustes e surpresas — muitas das quais ninguém me contou antes.


2. Primeiras impressões: o que assustou (e o que surpreendeu)

Logo no primeiro pedal com a minha bike speed, a sensação foi… diferente. E intensa.

a) A posição do corpo

A geometria da speed exige uma postura mais inclinada, com o tronco projetado para frente. Isso me tirou da minha zona de conforto. Nos primeiros quilômetros, senti tensão nos ombros, formigamento nas mãos e uma leve pressão na lombar. Pensei: “isso não é pra mim”. Só depois percebi que o corpo precisa de tempo para se adaptar — e que ajustes simples (avanço, altura do guidão, selim) fariam toda a diferença.

b) A instabilidade inicial

Acostumado aos pneus largos da MTB, os pneus finos da speed (25mm) pareciam nervosos demais. Qualquer desnível me assustava. Buracos que antes ignorava, agora exigiam atenção redobrada. Mas com poucos dias, minha leitura do terreno e meu controle da bike melhoraram — e a agilidade começou a se destacar como vantagem, não desvantagem.

c) A sensação de “voar” no plano

Foi o que mais me impressionou: no plano, a bike simplesmente desliza. Com menos esforço do que na MTB, mantive velocidades médias mais altas e consegui ir mais longe sem me desgastar. A relação de marchas mais próxima e a leveza do quadro (quase 4 kg a menos que minha MTB) tornaram o pedal muito mais fluido.

d) O silêncio e a suavidade do rodar

A ausência de ruídos de suspensão e o som sutil dos pneus finos rodando no asfalto criam uma sensação de paz e velocidade ao mesmo tempo. Para quem pedala em busca de performance e prazer, isso é viciante.


3. A verdade que ninguém me avisou

A experiência com a bike speed tem seus altos e baixos. Algumas descobertas me surpreenderam positivamente. Outras, eu adoraria ter sido avisado antes.

a) Subidas íngremes exigem mais técnica

Apesar de a speed ser ótima em planos e subidas suaves, as subidas íngremes exigem mais do que força: exigem cadência e técnica. A MTB tem relação de marcha mais leve e tração melhor. Com a speed, tive que aprender a usar o peso do corpo, ajustar a respiração e trocar marchas no tempo certo. Uma boa relação compact (como 50/34 na frente e 11-32 atrás) ajudou bastante — mas ainda assim, exige adaptação.

b) O vento lateral assusta no começo

Com pneus finos, posição mais alta e guidão leve, a bike speed sofre mais com vento lateral. Em estradas abertas, ventos cruzados me tiraram do traçado algumas vezes. Depois, aprendi a controlar melhor o corpo e a segurar com mais firmeza, principalmente em descidas.

c) O desconforto inicial passa com ajuste

Nos primeiros dias, quase desisti. A lombar doía, os braços pesavam, as mãos formigavam. Depois, ajustei o avanço do guidão, troquei o selim e fiz um bike fit caseiro com base em tutoriais confiáveis. O resultado? Um novo mundo de conforto.

d) O desempenho no asfalto é brutalmente superior

Se antes minha média era 20 km/h na MTB, com a speed comecei a rodar fácil a 25-27 km/h — e com menos esforço. O rendimento aumentou tanto que pude pedalar distâncias maiores em menos tempo. Isso impactou diretamente meu condicionamento físico e motivação.

4. Comparativo direto: MTB vs Speed no dia a dia

Depois de meses alternando entre as duas bikes, posso dizer com segurança onde cada uma brilha — e onde a troca da MTB pela speed faz mais sentido.

CritérioMTBSpeed
PesoMédia de 13-15 kgMédia de 8-10 kg
Terreno idealTerra, trilhas, paralelepípedosAsfalto, ciclovias, estradas
Velocidade no planoMédiaAlta
Subidas técnicasMuito boaExige esforço e técnica
DescidasEstável e com suspensãoÁgil, mas exige atenção
ConfortoMuito confortável em terrenos ruinsMédio, mas ajustável
ManutençãoMais robusta, mas mais sujeita à sujeiraMais sensível, mas manutenção simples
Uso urbanoBoa em calçadas e buracosBoa em ciclovias e asfalto liso

Conclusão parcial desse comparativo:

  • Se você pedala 90% no asfalto, a speed oferece muito mais rendimento, economia de esforço e prazer.
  • Se o terreno é misto ou ruim, a MTB continua imbatível em robustez e conforto.
  • Em percursos urbanos bem asfaltados, a speed pode ser mais rápida e leve — especialmente com pneus 28mm.

5. O que senti falta da MTB (e como adaptei a speed)

Apesar das inúmeras vantagens da bike speed, a transição da MTB deixou alguns vazios — especialmente em termos de conforto e robustez. Aqui estão os principais pontos que senti falta da minha mountain bike e como adaptei a speed para suprir essas lacunas.

a) Suspensão dianteira

Na MTB, o garfo com suspensão absorvia impactos, deixava os braços mais relaxados e fazia até os piores buracos parecerem menores. Na speed, qualquer irregularidade no asfalto era sentida diretamente nos pulsos. A solução? Adotei pneus mais largos (28mm), usei luvas com boa acolchoamento e instalei uma fita de guidão dupla. O ganho de conforto foi imediato.

b) Pneus largos e robustos

A confiança que os pneus 2.1” da MTB oferecem em buracos, guias, e até em terra batida é inigualável. Com a speed, precisei mudar meu estilo de pilotagem — me tornei mais cuidadoso, mais “leve” nas reações. Optar por pneus 28mm (ou até 32mm em quadros que aceitam) foi um divisor de águas.

c) Liberdade em qualquer terreno

Com a MTB, nada me detinha. Trilhas, grama molhada, estrada de terra? Eu ia. A speed, por outro lado, me faz escolher melhor os percursos. Isso não é ruim — me fez planejar melhor as rotas e explorar novas estradas — mas a liberdade off-road da MTB faz falta às vezes. Por isso, mantive minha MTB para explorar trilhas quando bate a saudade.

6. O que ganhei com a speed (e não abro mais mão)

Apesar das saudades da MTB, há ganhos com a bike speed que me fizeram não querer voltar atrás. Alguns, inclusive, mudaram minha relação com o pedal de forma definitiva.

a) Fluidez no pedal

A maior revelação foi a fluidez de movimento. A sensação de que a bike “desliza sozinha” no asfalto é real. Em trechos planos ou com falso plano, a velocidade se mantém com esforço mínimo — algo impossível de alcançar com pneus largos e cravos de MTB.

b) Ritmo de treino constante

A MTB exige paradas frequentes para transpor obstáculos ou desviar de imperfeições. Com a speed, pude manter um ritmo de pedal muito mais constante, ideal para treinos de resistência, progressivos ou intervalados. Isso contribuiu diretamente para minha evolução física.

c) Menor desgaste físico em pedais longos

Pedalar 60, 80 ou 100 km com uma MTB é possível, mas exaustivo. Com a speed, as longas distâncias se tornaram menos dolorosas e mais recompensadoras. O corpo sofre menos porque a bike é mais leve, mais eficiente e mais fácil de manter em movimento.

d) Sensação de “bike que responde”

Um dos grandes prazeres da speed é sentir que, ao menor toque de pedal, a bike responde de forma direta e precisa. A aceleração é rápida, e o comportamento da bike é quase intuitivo. Esse “feedback” imediato mudou completamente minha motivação nos treinos.


7. Equipamentos e ajustes que fizeram a diferença

O conforto e a adaptação à bike speed não vieram prontos de fábrica. Foram necessários alguns upgrades e ajustes simples que transformaram totalmente a experiência. Aqui estão os que mais fizeram diferença:

a) Guidão compact com menor drop

O guidão compacto, com menor curvatura e distância entre a parte superior e inferior, me permitiu usar todas as posições com mais segurança. Isso ajudou nos trechos longos e nas descidas, e reduziu o cansaço nos ombros.

b) Avanço mais curto

Minha bike veio com avanço de 100 mm, que me deixava muito esticado. Troquei por um avanço de 80 mm, o que melhorou minha postura, reduziu dores no pescoço e me deu mais controle da frente da bike.

c) Pneus 28mm (ou maiores)

Já falei deles antes, mas vale reforçar: os pneus 28 mm transformaram a bike. Mais conforto, mais aderência, mais segurança. Se seu quadro permitir, vá até 30 ou 32 mm — o ganho é notável, especialmente para quem veio da MTB.

d) Selim ergonômico

O selim original da bike era esportivo demais para o meu gosto. Troquei por um selim ergonômico com canal central e base mais larga. Hoje consigo pedalar 3 horas seguidas sem dormência.

e) Pedal clipado (mas no meu tempo)

No início, continuei usando pedal plataforma. Só depois de ganhar confiança instalei pedais clipless SPD. O ganho de eficiência foi visível, mas recomendo fazer isso apenas quando você se sentir seguro.


8. O que eu gostaria de ter sabido antes

Se eu pudesse voltar no tempo, essas são as coisas que gostaria que tivessem me contado antes de trocar minha MTB por uma speed:

a) Bike fit faz toda a diferença

Não precisa ser caro nem profissional no início. Um bike fit caseiro com boas referências já melhora muito a posição. A ergonomia da speed é exigente: ajustar a altura do selim, avanço e inclinação do guidão muda tudo.

b) Nem toda speed é agressiva

Muitos têm medo da speed porque pensam que todas têm geometria de competição. Modelos endurance ou sport são muito mais amigáveis e feitos para quem está migrando da MTB. Elas são mais estáveis, confortáveis e não exigem tanta flexibilidade.

c) Dá para usar a speed na cidade

Com pneus um pouco mais largos, freios a disco e atenção redobrada, a speed pode ser usada tranquilamente no uso urbano. Em ciclovias e asfaltos regulares, ela se comporta muito bem. O que muda é o estilo de pilotagem: mais atento, mais limpo, mais fluido.

d) A adaptação leva tempo

Nos primeiros pedais, pensei em desistir. Mas com cada ajuste, com cada quilômetro pedalado, meu corpo foi se adaptando e minha mente foi entendendo as diferenças. Hoje, pedalar com a speed virou sinônimo de prazer e liberdade.


9. Speed é para mim? Reflexão após a mudança

Após meses pedalando com minha bike speed, posso dizer com tranquilidade: essa troca foi um divisor de águas no meu ciclismo. Mas também aprendi que essa decisão não serve para todo mundo — pelo menos, não da mesma forma e no mesmo momento.

a) Quem pode se beneficiar ao trocar a MTB por uma speed

  • Ciclistas que pedalam majoritariamente no asfalto: Se 70% ou mais dos seus percursos são urbanos, ciclovias ou estradas asfaltadas, a bike speed oferece vantagens claras em leveza, rendimento e economia de esforço.
  • Quem está buscando melhorar o desempenho: Se você está investindo em treinos mais sérios, controle de cadência, velocidade média e resistência, a bike speed ajuda muito nesse processo.
  • Ciclistas que querem explorar longas distâncias: Pedais acima de 60 km ficam muito mais fluídos com uma speed. O desgaste é menor, e a velocidade média ajuda a otimizar o tempo.
  • Pessoas que gostam de regularidade e fluidez: A speed premia quem pedala com ritmo constante e técnica refinada. Se isso te atrai, é um sinal claro de compatibilidade.

b) Quando vale a pena manter as duas bikes

Foi o que eu fiz — e recomendo. Em vez de vender minha MTB, optei por mantê-la para explorar trilhas, estradas de terra e trechos técnicos. Em dias de chuva ou em viagens para áreas rurais, ela ainda é minha primeira escolha. Ter as duas amplia as possibilidades sem te forçar a abrir mão de nada.

c) Perfil ideal de ciclista que vai amar a speed

  • Tem uma rotina de pedais regulares no asfalto
  • Está disposto a ajustar postura e aprender uma nova pilotagem
  • Gosta de rendimento, leveza e velocidade
  • Quer treinar ou participar de grupos com foco em estrada
  • Valoriza estética, fluidez e precisão

Se você se encaixa em dois ou mais desses critérios, a bike speed provavelmente vai te conquistar — como me conquistou.

Trocar a MTB por uma speed foi uma virada — mas você precisa saber disso antes

Trocar minha MTB por uma bike speed foi uma das decisões mais transformadoras da minha jornada como ciclista. Não só mudou a forma como pedalo, mas também como encaro os treinos, os trajetos, meu condicionamento e até meu estilo de vida. A leveza, a fluidez, a velocidade natural e a sensação de rendimento constante foram descobertas poderosas que me mostraram que o ciclismo de estrada não é apenas para profissionais — é para quem quer mais da bike, e mais de si mesmo.

Mas, como tudo que envolve mudança real, existem verdades que ninguém te conta. A adaptação pode ser dura. A posição corporal exige ajustes. Os pneus finos assustam no começo. E há momentos em que você vai sentir saudade da sua MTB — e tudo bem.

O mais importante é saber que a transição não precisa ser definitiva nem radical. Você pode manter as duas bikes. Pode usar a speed no asfalto e a MTB em aventuras off-road. Pode demorar para se adaptar. E pode até decidir que a MTB ainda é a melhor opção para o seu estilo. O que importa é fazer essa escolha com informação, consciência e sem medo.

Se eu tivesse que resumir em uma frase o que aprendi, seria:

“A bike speed não substituiu minha MTB. Ela me abriu novos caminhos.”

Se você está pensando em trocar a MTB por uma speed, saiba que essa não é apenas uma troca de bicicleta. É uma nova forma de pedalar — com desafios, sim, mas com um prazer que só quem experimenta entende.

Portanto, se você sente que está pronto para mais velocidade, mais rendimento e novas sensações no pedal, talvez seja a hora de viver essa experiência por conta própria. E agora que você sabe o que ninguém me avisou, pode tomar essa decisão com muito mais segurança.

Deixe um comentário