A Escolha Certa Começa no Detalhe
Se você já adotou o pedal clipado no seu ciclismo — seja no MTB, no Speed ou no Gravel — já deve ter percebido que a tensão do pedal não é apenas um detalhe técnico: é um fator decisivo para seu conforto, eficiência e prevenção de lesões. Muitos ciclistas, principalmente iniciantes no universo dos pedais clipless, ignoram esse ajuste ou simplesmente deixam o pedal na configuração de fábrica. No entanto, essa escolha pode afetar diretamente a biomecânica do pedal, a estabilidade dos joelhos, a segurança em situações técnicas e até a sua confiança na bike.
A tensão do pedal clipado refere-se à força necessária para desclipar a sapatilha do pedal — ou seja, o quanto o sistema “segura” seus pés enquanto você pedala. Uma tensão muito alta pode dificultar a liberação do pé em situações de emergência, aumentando o risco de quedas. Já uma tensão muito baixa pode causar desprendimentos involuntários durante a pedalada, afetando o desempenho e também a segurança. Além disso, a tensão está diretamente relacionada à distribuição de forças na articulação do joelho e tornozelo, podendo causar dores crônicas ou lesões por esforço repetitivo quando mal ajustada.
Neste post, vamos mergulhar profundamente no universo do pedal clipado. Você vai entender como a tensão influencia sua pedalada, como identificar o ajuste ideal para o seu corpo e tipo de pedalada, quais são os sinais de tensão incorreta e como evitar dores e lesões. Abordaremos desde os aspectos técnicos e mecânicos dos sistemas clipless até as recomendações fisiológicas, passando por tipos de pedais, ajustes de float, análise biomecânica e dicas práticas de teste e manutenção.
Seja você um ciclista iniciante dando os primeiros passos no pedal clipado ou um atleta experiente buscando refinar seu setup, este guia completo vai ajudar a otimizar sua pedalada, proteger seu corpo e aumentar sua confiança sobre duas rodas.

O Que é a Tensão do Pedal Clipado?
A tensão no pedal clipado é a força com que o mecanismo prende a sapatilha. Essa força pode ser ajustada mecanicamente, normalmente com uma chave allen de 2,5 mm ou 3 mm, girando um parafuso que regula a pressão da mola do pedal.
Tensão Alta x Tensão Baixa: Comparativo Prático
| Característica | Tensão Baixa | Tensão Alta |
|---|---|---|
| Facilidade de desclipar | Muito fácil, ideal para iniciantes | Mais difícil, exige força específica |
| Segurança | Maior risco de desclipagem involuntária | Maior segurança contra solturas |
| Indicado para | Iniciantes, treinos leves, urbanos | Provas, trilhas técnicas, sprints |
| Risco de lesão | Menor sobrecarga, mas pode gerar instabilidade articular | Mais firme, mas exige cuidado biomecânico |
| Sensação ao pedalar | Mais solta, menos conexão com o pedal | Mais firme, maior transferência de potência |
como a Tensão se Relaciona com Lesões?
A maioria das lesões relacionadas ao pedal clipado não ocorre por quedas, mas sim por microtraumas repetitivos causados por má posição e tensão incorreta. A seguir, os principais riscos:
1. Lesões no Joelho
Uma tensão alta demais reduz o grau de movimentação natural do pé (float), limitando os microajustes articulares que o corpo faz ao pedalar. Isso pode sobrecarregar os ligamentos colaterais e tendões, principalmente do joelho.
2. Lesões no Tornozelo e Tendão de Aquiles
Se o pé está preso em uma posição que força a pronação ou supinação além do natural, o tornozelo sofre. Uma tensão alta pode impedir a liberação rápida em caso de desequilíbrio.
3. Dores na Lombar e Quadril
O desalinhamento causado por má colocação da sapatilha ou tensão que inibe a rotação do pé pode refletir até a cadeia superior de movimento, gerando compensações musculares.
Como Escolher a Tensão Ideal: Passo a Passo
1. Entenda Seu Estilo de Pedalada
- Urbano / Commuter: Prefira tensões mais leves. Você vai parar e desclipar com frequência.
- MTB Cross Country: Tensão média a alta, já que você precisa de estabilidade em terrenos irregulares.
- Gravel / Estradões: Tensão média, buscando equilíbrio entre segurança e conforto.
- Ciclismo de Estrada / Speed: Tensão média a alta para garantir firmeza na pedalada em alta cadência.
2. Avalie Seu Nível de Experiência
- Iniciante: Comece com tensão mínima. Conforme ganhar confiança, vá ajustando.
- Intermediário: Tente achar o meio-termo: firme, mas com facilidade de saída.
- Avançado: Ajuste conforme o objetivo do pedal — treino, competição, endurance, etc.
3. Faça Testes com a Bike Estacionada
- Regule os dois pedais para a menor tensão.
- Clipes e desclipes repetidas vezes em pé com a bike parada.
- Aumente a tensão meia volta por vez.
- Repita os testes até sentir firmeza sem que a desclipagem exija força excessiva.
Dicas para Evitar Lesões Relacionadas ao Pedal Clipado
- Ajuste a Clevatagem Corretamente
A posição da sapatilha nos tacos (cleats) deve respeitar seu ângulo natural de rotação. Se o pé tende a se abrir, ajuste o cleat permitindo esse float natural. - Use Pedais com Float Adequado
Modelos como Shimano SPD oferecem de 4° a 6° de float. Já marcas como Time, Crankbrothers e Look têm modelos com até 20° de liberdade de rotação.
Quanto maior o float, mais liberdade articular, mas também menor transferência de potência. - Faça Bike Fit Profissional
O bike fit vai alinhar seu joelho, quadril, tornozelo e pé em relação ao pedal, minimizando compensações e reduzindo riscos de lesão. - Verifique Desgaste do TACO
Cleats gastos alteram o comportamento do encaixe e podem gerar folgas ou travamentos. Substitua periodicamente. - Aqueça e Alongue
Pedalar clipado exige mais controle e estabilidade. Prepare seu corpo com aquecimento adequado e alongamentos pós-treino, principalmente para cadeia posterior e quadril.
Marcas Populares e Seus Sistemas de Tensão
Shimano SPD / SPD-SL
- Regulação simples por parafuso lateral.
- Float entre 4° (fixo) e 6° (amarelo).
- Ideal para MTB, estrada e gravel.
Look Keo
- Float de 0° a 9°, dependendo da cor do cleat.
- Preferido por ciclistas de estrada.
Crankbrothers
- Float generoso (até 20°).
- Sem ajuste de tensão — ideal para quem quer liberdade no movimento do pé.
Time ATAC / Xpresso
- Excelente para quem busca conforto e rotatividade natural.
- Sistema de encaixe com auto-limpeza, ideal para lama.
Quando Reavaliar a Tensão?
- Após queda ou clipagem difícil
- Ao sentir dores novas ou diferentes nas articulações
- Ao mudar de sapatilha ou pedal
- Ao aumentar a intensidade dos treinos
- Se notar cliques ou ruídos incomuns no pedal
O Ajuste da Tensão do Pedal Clipado Como Pilar da Performance e da Saúde no Ciclismo
Quando falamos em performance no ciclismo, muito se discute sobre potência, treino de base, componentes de alta qualidade, rodas leves e tecnologias de última geração. Mas, frequentemente, esquecemos que o contato entre o corpo e a bicicleta se faz em apenas três pontos: selim, guidão e pedais. E, entre esses três, o pedal clipado — especialmente sua tensão e configuração — exerce um papel crucial na eficiência da pedalada e, principalmente, na prevenção de lesões.
A tensão do pedal clipado não é apenas um número ou um ajuste técnico entre tantos outros: ela representa a interface biomecânica entre seu corpo e a força transmitida à bicicleta. Quando calibrada corretamente, ela proporciona uma conexão firme e segura, mas também flexível o suficiente para respeitar os microajustes articulares naturais de cada ciclista. Essa combinação é o que permite transferência ideal de potência com conforto articular e estabilidade ao longo de dezenas ou centenas de quilômetros.
Infelizmente, muitos ciclistas negligenciam esse ajuste. Iniciantes, por insegurança, frequentemente mantêm tensões muito leves, o que pode causar solturas acidentais e prejudicar a confiança. Ciclistas mais avançados, buscando máxima eficiência, às vezes aumentam a tensão ao ponto de limitar o movimento do pé, sobrecarregando o joelho e o tornozelo sem perceber. Em ambos os casos, o resultado pode ser dor, queda de rendimento, desequilíbrio muscular e até afastamento temporário da bike.
A escolha ideal da tensão exige, portanto, uma avaliação criteriosa do estilo de pedalada, do tipo de terreno, do volume de treino, da mobilidade articular e, principalmente, do próprio corpo. Ajustar a tensão não é um ato pontual, mas sim um processo contínuo. Ela pode — e deve — ser revista ao longo do tempo, conforme o ciclista evolui, troca de sapatilha, muda de pedal ou altera seu foco de treinamento.
Além disso, o ajuste de tensão deve sempre estar integrado a outras variáveis, como o tipo e o ângulo dos cleats, o sistema de float adotado, a postura sobre a bike e até fatores sazonais (como clima e volume de treino). Ou seja, não se trata apenas de girar um parafuso, mas de entender como seu corpo responde ao equipamento que você utiliza, com o suporte de um bom bike fit, escuta ativa ao próprio corpo e revisão periódica do setup.
Ao dominar esse aspecto da sua configuração, você ganha mais do que controle sobre o pedal. Você conquista mais segurança para enfrentar trilhas técnicas, mais confiança ao iniciar sprints intensos, mais proteção contra desequilíbrios articulares em pedais longos, e até mais prazer em simplesmente pedalar — sabendo que está em harmonia com sua bicicleta.
Portanto, da próxima vez que revisar sua bicicleta, não ignore o detalhe do pedal clipado. Faça dele um aliado estratégico no seu desenvolvimento como ciclista. Afinal, é na conexão entre você e a bike que mora o verdadeiro potencial de ir mais longe, com mais potência, mais saúde e mais consistência. E essa conexão começa — literalmente — no ajuste da tensão do seu pedal.
Pedale consciente. Pedale conectado. Pedale com inteligência — e com a tensão ideal ao seu lado.


Olá! Eu sou Otto Bianchi, um apaixonado por bicicletas e ciclista assíduo, sempre em busca de novas aventuras sobre duas rodas. Para mim, o ciclismo vai muito além de um esporte ou meio de transporte – é um estilo de vida. Gosto de explorar diferentes terrenos, testar novas bikes e acessórios, além de me aprofundar na mecânica e nas inovações do mundo do pedal. Aqui no site, compartilho minhas experiências, dicas e descobertas para ajudar você a aproveitar ao máximo cada pedalada. Seja bem-vindo e bora pedalar!






