Você provavelmente já ouviu alguém dizer que começou a pedalar para perder peso. Talvez até já tenha experimentado o ciclismo de estrada por esse motivo — ou esteja considerando fazer isso agora. Mas será que pedalar realmente ajuda a emagrecer? O ciclismo de estrada é mesmo eficaz para queimar gordura corporal e atingir metas de saúde e estética?
A busca pelo emagrecimento é uma das motivações mais comuns entre os iniciantes no esporte. Afinal, trata-se de uma atividade de baixo impacto nas articulações, pode ser praticada ao ar livre e ainda proporciona uma sensação de liberdade difícil de encontrar em outros exercícios. Diferente de uma esteira ou bicicleta ergométrica estacionária, a bike de estrada oferece movimento, paisagens, variações de terreno e a chance de socializar, o que facilita manter a motivação a longo prazo.
No entanto, emagrecer com o ciclismo vai além de simplesmente subir na bicicleta e sair pedalando. O resultado real depende de diversos fatores: intensidade e frequência dos treinos, alimentação, metabolismo individual, qualidade do sono, nível de estresse, entre outros. Muitas pessoas se frustram ao esperar resultados rápidos, sem considerar que o emagrecimento sustentável é um processo gradual, e que o ciclismo pode ser uma ferramenta poderosa — mas deve ser usada com estratégia.
Além disso, há muitos mitos circulando: “pedalar muito emagrece rápido”, “só treino em jejum queima gordura”, “precisa fazer longões todo dia para ver diferença no peso”… A verdade é mais complexa, mas também mais interessante.
Neste post completo, vamos explorar em profundidade como o ciclismo de estrada pode contribuir para o emagrecimento. Vamos entender a fisiologia por trás da queima de gordura, a relação entre esforço e gasto calórico, os tipos de treino mais eficazes, a importância da nutrição e, claro, como manter a motivação mesmo quando os resultados parecem lentos. Se você quer perder peso pedalando — ou apenas otimizar sua composição corporal — este guia vai te dar todas as ferramentas para fazer isso com consciência, saúde e prazer.

1. Como o corpo emagrece: o papel do déficit calórico
Para entender como o ciclismo de estrada ajuda a emagrecer, é preciso compreender primeiro como o corpo perde gordura. Em termos simples, o emagrecimento acontece quando existe um déficit calórico — ou seja, quando você consome menos calorias do que gasta ao longo do dia.
Quando isso ocorre de forma consistente, o corpo passa a utilizar suas reservas energéticas — especialmente a gordura corporal — para compensar a diferença. Isso leva à perda de peso ao longo do tempo.
O gasto calórico total diário é composto por três grandes fatores:
- Taxa metabólica basal (TMB): energia usada para manter funções vitais (coração, respiração, etc.)
- Efeito térmico dos alimentos (ETA): energia gasta na digestão dos alimentos.
- Atividade física: desde movimentos leves até o treino intenso de bike.
A prática regular de ciclismo pode aumentar significativamente o gasto energético diário, facilitando a criação do déficit necessário para emagrecer — principalmente quando aliada a uma alimentação equilibrada.
2. Ciclismo e queima calórica: quanto se gasta pedalando?
O ciclismo é uma das atividades aeróbicas que mais gastam calorias por hora, especialmente quando feito com intensidade moderada a alta. A quantidade de calorias queimadas depende de diversos fatores:
- Peso corporal
- Velocidade média
- Terreno (plano, subidas, etc.)
- Vento e clima
- Condicionamento físico
Estimativas médias de gasto calórico por hora:
| Peso do ciclista | Ritmo leve (20 km/h) | Ritmo moderado (25-28 km/h) | Ritmo intenso (30+ km/h) |
|---|---|---|---|
| 60 kg | 400–500 kcal | 600–750 kcal | 800–950 kcal |
| 75 kg | 500–650 kcal | 750–900 kcal | 950–1100 kcal |
| 90 kg | 600–750 kcal | 850–1050 kcal | 1050–1250 kcal |
Importante: o gasto calórico real pode ser aferido com mais precisão por monitores de frequência cardíaca e medidores de potência.
3. Tipos de treino para emagrecer com ciclismo de estrada
Embora todo pedal ajude a gastar energia, nem todos os treinos têm o mesmo impacto na queima de gordura. Vamos aos principais tipos:
1. Treino aeróbico contínuo
- Duração: 60 a 120 minutos
- Intensidade: baixa a moderada (Zonas 2 e 3)
- Efeito: ideal para aumentar o gasto calórico total e estimular o metabolismo lipídico
2. Treino intervalado (HIIT)
- Duração: 30 a 60 minutos
- Intensidade: alterna entre alta e leve
- Efeito: acelera o metabolismo e gera gasto calórico pós-exercício (EPOC)
3. Treino de subida ou força
- Duração: varia
- Intensidade: alta, com subidas e marchas pesadas
- Efeito: aumenta a resistência muscular, o VO₂ máximo e potencializa a queima calórica
Qual o melhor?
O ideal é combinar os três tipos de treino ao longo da semana, respeitando sua condição física e tempo disponível. Variedade é chave para evitar platôs de emagrecimento.
4. Alimentação: pedalando contra ou a favor da balança?
De nada adianta gastar 800 calorias no treino e consumir 1200 no “pós-pedal”. A alimentação é parte fundamental do processo de emagrecimento.
Dicas nutricionais para ciclistas que querem emagrecer:
- Evite treinar em jejum sem orientação.
Pode comprometer o rendimento e causar perda de massa muscular. - Controle as calorias líquidas.
Muitos isotônicos e bebidas energéticas têm alto teor calórico. - Faça refeições balanceadas.
Inclua proteína, gordura boa e carboidratos complexos. - Planeje o pós-treino.
Prefira opções ricas em proteína e moderadas em carboidrato. - Fuja da “compensação emocional”.
Pedal não é desculpa para exagerar em doces ou junk food.
Se necessário, consulte um nutricionista esportivo para ajustar sua dieta conforme seu volume de treino e objetivos.
5. Como manter a motivação no longo prazo
O emagrecimento não acontece da noite para o dia, e a constância é o que faz a diferença. Veja dicas para não desanimar:
- Estabeleça metas realistas. Evite comparações com outros ciclistas.
- Use a bike como diversão, não punição.
- Pedale com grupos ou amigos. Isso aumenta o compromisso.
- Registre seu progresso. Aplicativos como Strava ajudam.
- Comemore os pequenos avanços. Cada quilômetro pedalado conta.
- Não viva na balança. Foque em medidas, roupas e desempenho.
6. Mitos comuns sobre ciclismo e emagrecimento
“Precisa pedalar muito para emagrecer.”
Errado. A qualidade do treino e o controle alimentar são mais importantes do que horas excessivas de pedal.
“Só treino em jejum queima gordura.”
Errado. O jejum pode ser útil em alguns contextos, mas não é obrigatório — e nem sempre seguro.
“Depois do pedal posso comer o que quiser.”
Errado. O déficit calórico precisa ser mantido. Comer mal pode anular todo o esforço.
“Ciclismo não emagrece, só fortalece.”
Errado. Com treino consistente e dieta adequada, o ciclismo pode sim promover emagrecimento.
7. Estudos e evidências científicas
A relação entre o ciclismo e o emagrecimento tem sido amplamente estudada no meio acadêmico. Diversas pesquisas em fisiologia do exercício, nutrição esportiva e saúde pública reforçam o papel do ciclismo como uma atividade eficiente tanto para a perda de peso quanto para a melhora da composição corporal e da saúde metabólica geral.
Ciclismo e gasto energético
Um dos pilares do emagrecimento é o déficit calórico, e o ciclismo se destaca nesse aspecto por permitir um elevado gasto energético com baixo impacto articular. Estudos demonstram que uma sessão de pedal de 60 minutos em intensidade moderada pode resultar em um gasto de 500 a 800 kcal, dependendo do peso corporal e da intensidade. Esse número pode ser ainda maior em treinos mais intensos ou longos, especialmente quando há subidas, vento contra ou terrenos variados.
Segundo um estudo publicado na revista Medicine & Science in Sports & Exercise (2014), indivíduos que praticaram ciclismo em intensidade moderada por 5 dias na semana durante 12 semanas apresentaram uma redução significativa na gordura corporal total, sem necessariamente realizar grandes restrições alimentares. Isso mostra que a atividade física isolada — quando bem planejada e consistente — pode promover resultados significativos.
Ciclismo e composição corporal
A composição corporal é o equilíbrio entre massa magra (músculos, ossos, órgãos) e massa gorda (tecido adiposo). Em um estudo realizado pela University of Copenhagen e publicado no International Journal of Obesity, pesquisadores observaram que indivíduos que adotaram o ciclismo como meio de transporte diário (pelo menos 30 minutos por dia) apresentaram uma redução média de 3,6% na gordura corporal em um período de 6 meses, mesmo sem mudanças drásticas na dieta.
Outro dado interessante vem de uma pesquisa da Harvard T.H. Chan School of Public Health, que avaliou os hábitos de mais de 18.000 mulheres ao longo de 16 anos. As mulheres que praticavam ciclismo regularmente apresentaram menor ganho de peso com o passar dos anos, além de apresentarem menor incidência de doenças associadas ao sedentarismo, como diabetes tipo 2 e hipertensão.
Efeitos do ciclismo em pessoas com sobrepeso e obesidade
Indivíduos com sobrepeso ou obesidade podem se beneficiar ainda mais do ciclismo como ferramenta para perda de peso, principalmente pelo fato de ser uma atividade de baixo impacto nas articulações — diferentemente da corrida, por exemplo, que pode gerar sobrecarga nos joelhos e tornozelos.
Um estudo publicado no Journal of Obesity (2015) acompanhou 55 homens com sobrepeso, divididos em dois grupos: um praticava ciclismo estacionário (ergométrico) três vezes por semana por 45 minutos; o outro grupo manteve apenas recomendações alimentares. Ao final de 12 semanas, o grupo do ciclismo perdeu, em média, 4,3 kg de peso corporal, reduziu significativamente o percentual de gordura e melhorou marcadores de saúde, como colesterol HDL (o “bom”) e triglicerídeos. Já o grupo controle teve uma perda de peso estatisticamente insignificante.
Ciclismo, metabolismo e resistência à insulina
A prática regular de ciclismo também influencia positivamente o metabolismo. Aumenta a sensibilidade à insulina — um fator chave para quem busca emagrecer e evitar o acúmulo de gordura visceral. Um estudo conduzido pelo Karolinska Institute (Suécia) mostrou que o ciclismo de estrada de intensidade moderada a vigorosa melhora o controle glicêmico mesmo em indivíduos não-diabéticos, favorecendo o equilíbrio hormonal e o controle do apetite.
Essa melhora metabólica também contribui para o chamado EPOC (Excess Post-Exercise Oxygen Consumption), ou seja, o efeito de “queima calórica após o exercício”, mais acentuado em treinos intervalados ou com subidas. Esse processo mantém o metabolismo acelerado por várias horas após o fim do treino, contribuindo para o déficit calórico diário.
Ciclismo como transporte ativo e saúde pública
Outro campo de estudo importante envolve o uso do ciclismo como meio de transporte no dia a dia. Dados da European Journal of Preventive Cardiology mostraram que pessoas que vão ao trabalho de bicicleta (bike commuting) apresentam índices de massa corporal (IMC) mais baixos, menor circunferência abdominal e menor risco de doenças cardiovasculares e metabólicas — mesmo pedalando distâncias curtas, como 20 a 30 minutos por dia.
No Reino Unido, um estudo com mais de 260 mil pessoas publicado na BMJ (British Medical Journal) revelou que aqueles que usavam a bicicleta regularmente para ir ao trabalho apresentavam 41% menos risco de morte por qualquer causa e 45% menos risco de desenvolver câncer. Embora o foco principal não fosse o emagrecimento, os dados mostram o impacto positivo do ciclismo na saúde geral — o que indiretamente reforça seu papel na gestão do peso corporal.
Comparação com outras atividades físicas
Embora o ciclismo tenha gasto calórico similar ao da corrida, ele se torna mais sustentável para muitas pessoas por ser menos agressivo ao corpo, especialmente para iniciantes ou pessoas com sobrepeso. Isso facilita a adesão a longo prazo, um fator crítico para o sucesso no emagrecimento. Enquanto muitas pessoas abandonam a corrida por dores articulares, o ciclismo é frequentemente mantido por mais tempo, o que favorece a consistência e os resultados progressivos.
Os estudos deixam claro: o ciclismo de estrada não é apenas eficaz para queimar calorias, mas também promove ajustes metabólicos, hormonais e comportamentais que favorecem o emagrecimento sustentável e a melhora da saúde geral. Mais do que uma atividade recreativa, ele se mostra uma ferramenta robusta de promoção da saúde pública e individual — desde que praticado com regularidade, intensidade adequada e acompanhado por hábitos alimentares equilibrados.
Seja como meio de transporte, atividade de lazer ou ferramenta de treinamento estruturado, o ciclismo de estrada se destaca como uma das melhores opções para quem busca emagrecer de forma saudável, prazerosa e duradoura.


Olá! Eu sou Otto Bianchi, um apaixonado por bicicletas e ciclista assíduo, sempre em busca de novas aventuras sobre duas rodas. Para mim, o ciclismo vai muito além de um esporte ou meio de transporte – é um estilo de vida. Gosto de explorar diferentes terrenos, testar novas bikes e acessórios, além de me aprofundar na mecânica e nas inovações do mundo do pedal. Aqui no site, compartilho minhas experiências, dicas e descobertas para ajudar você a aproveitar ao máximo cada pedalada. Seja bem-vindo e bora pedalar!






