O MTB é tão técnico quanto emocionante
O mountain bike (MTB) é uma das modalidades mais emocionantes do ciclismo. Subidas íngremes, trilhas técnicas, descidas cheias de adrenalina e paisagens de tirar o fôlego tornam essa prática viciante para ciclistas de todos os níveis. Mas, como qualquer esporte de aventura, o MTB exige mais do que disposição e coragem: ele demanda técnica, planejamento, conhecimento do próprio corpo e domínio sobre a bike. E é justamente aí que muitos ciclistas — iniciantes e até experientes — acabam cometendo erros que poderiam ser evitados com um pouco mais de atenção.
Errar é parte do processo de aprendizado. No entanto, alguns erros no mountain bike não só comprometem o desempenho como também colocam a segurança em risco. Problemas como quedas, lesões, fadiga excessiva ou até mesmo o abandono precoce da modalidade muitas vezes são consequência direta de práticas equivocadas que poderiam ser corrigidas com informação e preparação adequadas.
Neste post, vamos mergulhar nos erros mais comuns no MTB e mostrar como evitá-los de forma prática e consciente. Vamos abordar desde falhas técnicas de pilotagem até decisões erradas na escolha do equipamento, passando por aspectos como alimentação, postura, manutenção da bicicleta e até o comportamento emocional diante dos desafios da trilha.
O objetivo é que você, ao terminar a leitura, se sinta mais preparado para encarar as trilhas com mais confiança, segurança e prazer. Se você está começando no MTB, este guia será um ponto de partida essencial. E se já tem experiência, com certeza vai identificar práticas que ainda podem ser ajustadas.
Vamos nessa?

1. Subestimar a trilha e superestimar sua habilidade: o erro que mais causa tombos e frustrações
Esse é, sem dúvidas, um dos erros mais comuns e perigosos no mountain bike — e um dos mais difíceis de admitir. É natural que, ao adquirir uma mountain bike novinha, equipada com suspensão moderna, pneus largos e freios potentes, o ciclista se sinta empolgado para encarar qualquer trilha. No entanto, existe uma linha tênue entre autoconfiança e imprudência, e ignorar essa diferença pode gerar consequências graves, tanto para a saúde quanto para a motivação.
Ao subestimar a trilha, o ciclista ignora fatores importantes como grau de inclinação, presença de pedras soltas, raízes expostas, descidas técnicas, curvas fechadas, entre outros obstáculos naturais que exigem conhecimento e habilidade para serem transpostos com segurança. Muitas vezes, a trilha parece “leve” na descrição ou nos relatos de outros ciclistas, mas na prática pode se revelar técnica, cansativa ou até perigosa, dependendo das condições do dia (chuva, lama, calor, etc.).
Por outro lado, ao superestimar a própria habilidade, o ciclista assume que poderá lidar com qualquer situação com base em força de vontade ou experiências anteriores. Isso acontece com frequência entre ciclistas que já pedalam no asfalto ou na cidade e acreditam que a adaptação ao MTB será imediata. O resultado, infelizmente, costuma ser frustrante: quedas, sustos, desgaste físico precoce e até acidentes que poderiam ser evitados com planejamento.
Esse tipo de erro também tem um impacto psicológico significativo. A pessoa que começa no MTB com expectativas muito altas e enfrenta dificuldades inesperadas pode se sentir incapaz, desmotivada ou até abandonar a prática por achar que “não leva jeito”. Na verdade, ela só não respeitou a curva natural de aprendizado do esporte, que envolve evolução progressiva em técnica, resistência, leitura de terreno e controle emocional.
Como evitar esse erro de forma prática:
- Pesquise detalhadamente a trilha antes de ir: Use aplicativos como Strava, Trailforks ou Wikiloc para verificar altimetria, distância, tipo de terreno, comentários de outros ciclistas e até vídeos de trechos específicos. Quanto mais informações, melhor.
- Converse com quem já pedalou no local: Grupos de MTB nas redes sociais, fóruns e até bike shops locais costumam ter informações valiosas sobre o nível real de dificuldade de cada trilha. Pergunte sem medo.
- Comece pelas trilhas mais fáceis: Mesmo que você tenha experiência com ciclismo urbano ou de estrada, comece no MTB com percursos curtos e de baixo nível técnico. Isso vai te ajudar a se adaptar à nova realidade de terrenos irregulares, mudanças de tração e controle da bike em situações instáveis.
- Esteja sempre preparado para desistir ou mudar o plano: Isso não é sinal de fraqueza, e sim de maturidade. Se a trilha estiver mais difícil do que você esperava, não hesite em encurtar o percurso, empurrar a bike em trechos perigosos ou até retornar.
- Trilhe uma evolução gradual e realista: Com o tempo e a prática constante, você vai entender melhor como seu corpo reage, quais obstáculos te desafiam mais, e quais trilhas são adequadas para o seu momento. Não há pressa para evoluir — há apenas o prazer de progredir com segurança.
Subestimar o terreno e superestimar a si mesmo é como dirigir um carro esportivo em uma estrada de terra cheia de buracos, sem freios ABS e com pouca experiência ao volante. Pode até parecer empolgante no início, mas os riscos são altos — e os prejuízos, inevitáveis. No MTB, a humildade e o respeito à trilha são virtudes tão importantes quanto o preparo físico ou a qualidade da bike. Conheça seu nível, estude o terreno, evolua com consistência e você vai pedalar cada vez melhor — e com muito mais prazer.
2. Pedalar com a calibragem errada dos pneus: o detalhe que muda tudo no MTB
Pode parecer apenas um detalhe técnico, mas a calibragem dos pneus é um dos fatores mais importantes no desempenho, na segurança e no conforto de uma pedalada de mountain bike. Ainda assim, muitos ciclistas — especialmente iniciantes — ignoram essa variável, saindo para trilhas com pneus muito cheios ou murchos demais, sem sequer saber a pressão ideal para o tipo de terreno, peso corporal ou modelo de pneu utilizado. E o resultado pode ser desde uma pilotagem desconfortável até acidentes sérios, perda de controle em descidas ou pneus rasgados por impactos mal amortecidos.
No MTB, a calibragem correta dos pneus é ainda mais crítica do que no ciclismo de estrada. Isso porque o terreno varia constantemente — você pode estar passando por cascalho solto em um momento e, logo depois, encarar raízes molhadas, lama espessa ou descidas com pedras pontiagudas. Cada tipo de terreno responde de maneira diferente à pressão dos pneus, e manter essa calibragem ideal faz toda a diferença em como sua bike se comporta: traciona melhor, amortece os impactos, absorve irregularidades e garante maior controle nas curvas e frenagens.
Os dois extremos do erro: pressão alta demais e pressão baixa demais
Pressão alta demais
Esse é o erro mais comum. Ao encher demais os pneus, o ciclista reduz a área de contato da borracha com o solo, diminuindo a tração. Em terrenos soltos ou irregulares, isso gera perda de aderência, instabilidade em curvas e maior risco de derrapagem, especialmente em trilhas molhadas ou com muita inclinação lateral. Além disso, o excesso de pressão torna a bike “dura”, sem absorção adequada de impactos. O resultado? Mais desconforto, mais fadiga nas mãos e nos braços, e maior chance de quicar sobre obstáculos — o que reduz o controle da bike e aumenta o risco de quedas.
Pressão baixa demais
Por outro lado, andar com os pneus murchos demais também é um erro grave. A baixa pressão pode causar o chamado “snake bite” — furos causados pelo impacto da borda da roda contra uma pedra, esmagando a câmara de ar. Além disso, pneus com pouca pressão aumentam o atrito com o solo, dificultam a rolagem e exigem mais esforço para manter a velocidade. A bike também fica mais sujeita a amassar aros e ter instabilidade em curvas rápidas, já que o pneu pode “dobrar” nas laterais.
A pressão ideal depende de vários fatores
Não existe uma única calibragem ideal para todos os ciclistas ou trilhas. A pressão correta depende de uma combinação de variáveis:
- Peso do ciclista: quanto maior o peso, maior a pressão necessária para evitar afundamento excessivo.
- Tipo de pneu: pneus com carcaça mais rígida aguentam menos pressão; modelos tubeless (sem câmara) permitem pressões mais baixas com menor risco de furos.
- Tipo de terreno: terrenos duros e secos pedem pressões um pouco maiores; terrenos soltos ou molhados pedem pressões mais baixas para melhorar a tração.
- Clima: em dias muito quentes, a pressão pode subir naturalmente com a dilatação do ar. Em trilhas molhadas, vale reduzir um pouco para evitar escorregões.
- Estilo de pilotagem: ciclistas mais agressivos ou que enfrentam trilhas técnicas costumam preferir pressões mais baixas para ter mais “grip” (aderência).
Dicas práticas para acertar a calibragem
Use sempre um manômetro confiável: Nunca confie no “achômetro” ou no aperto com os dedos. Pressões entre 22 e 30 psi são comuns no MTB, mas isso varia bastante.
Ajuste com base no seu peso:
- Ciclistas até 65 kg: de 20 a 26 psi.
- Ciclistas entre 65 e 80 kg: de 24 a 30 psi.
- Ciclistas acima de 80 kg: de 28 a 35 psi.
Teste e anote: Faça testes em trilhas diferentes e anote a sensação da bike com cada calibragem. Com o tempo, você vai encontrar seu “ponto doce”.
Verifique antes de cada pedal: A pressão varia com o tempo, temperatura e uso. Sempre calibre os pneus antes de sair para pedalar, especialmente se a trilha for longa ou técnica.
Considere migrar para o sistema tubeless: O sistema sem câmara permite rodar com pressões mais baixas, reduzindo o risco de furos e melhorando a tração em trilhas técnicas.
Leve bomba ou cilindro de CO₂: Se errar na calibragem, é melhor estar preparado para corrigir no meio da trilha.
pequenos números, grandes impactos
A diferença entre 24 e 28 psi pode parecer pequena, mas no mountain bike ela pode significar a diferença entre vencer uma subida com tração perfeita ou escorregar no meio do caminho. Ou entre descer uma trilha técnica com confiança ou perder o controle da bike em uma curva. Ajustar corretamente a pressão dos pneus é um dos ajustes mais simples e ao mesmo tempo mais poderosos que você pode fazer para melhorar sua performance e segurança no MTB.
Lembre-se: a trilha não vai se adaptar a você — é você quem precisa adaptar sua bike à trilha. E a calibragem correta dos pneus é um dos primeiros passos para isso.

3. Não ajustar a suspensão da bicicleta: o erro que transforma qualquer trilha em sofrimento
Um dos grandes diferenciais da mountain bike em relação a outros estilos de ciclismo é a presença da suspensão — seja dianteira (na maioria das bikes hardtail) ou dianteira e traseira (nas bikes full suspension). Essa tecnologia não está ali apenas para dar um “visual agressivo” à bike: sua função é absorver os impactos do terreno, proporcionar mais controle, conforto, estabilidade e, em muitos casos, até mais velocidade em trilhas técnicas.
No entanto, um dos erros mais frequentes entre ciclistas — tanto iniciantes quanto intermediários — é simplesmente ignorar o ajuste da suspensão. Muitos saem da loja com a bike nova e continuam pedalando por semanas (ou até meses!) sem sequer mexer em um botão ou verificar se o sistema está ajustado ao seu peso e estilo de pedal. O problema? Uma suspensão mal ajustada prejudica o desempenho, compromete a segurança e aumenta drasticamente o desgaste físico durante a trilha.
Por que o ajuste da suspensão é tão importante no MTB
A suspensão funciona como um “filtro” entre a bike e o terreno. Ela absorve impactos vindos de buracos, pedras, raízes e desníveis, permitindo que a roda mantenha contato com o solo mesmo em situações de alta instabilidade. Isso é essencial não só para o conforto do ciclista, mas principalmente para a aderência da bike. Se a suspensão está muito dura ou muito mole, o comportamento da bicicleta muda completamente — e quase sempre para pior.
Além disso, o ajuste correto da suspensão proporciona mais eficiência na pedalada. Em subidas técnicas, por exemplo, uma suspensão traseira mal calibrada pode “roubar” parte da força do pedal, fazendo com que a bike perca tração. Em descidas rápidas, uma suspensão dianteira com retorno desregulado pode “jogar” o guidão de volta com força, dificultando o controle da direção.
Os principais erros ao usar a suspensão da MTB
1. Não ajustar o SAG
O SAG (Suspension Active Gap) é o quanto a suspensão “afunda” apenas com o peso do ciclista, sem nenhum impacto externo. É o primeiro e mais importante ajuste — e também o mais ignorado. O ideal é que a suspensão afunde entre 20% e 30% do curso total quando o ciclista está montado na bike, em posição de ataque. Sem esse ajuste, a suspensão pode funcionar mal: se tiver pouco SAG, ela não absorve bem impactos; se tiver muito, pode “fundar” com facilidade e bater no fim do curso.
2. Ignorar o retorno (rebound)
O retorno controla a velocidade com que a suspensão “volta” após ser comprimida. Se estiver rápido demais, a bike pode “quicar” descontroladamente após impactos. Se estiver lento demais, a suspensão não recupera a tempo para o próximo obstáculo, tornando a pilotagem dura e perigosa. Cada ciclista, peso e trilha exigem um ajuste diferente de retorno.
3. Não usar o ajuste de compressão
Algumas suspensões oferecem regulagens de compressão (low speed e high speed). Esses ajustes determinam o quão “rígida” será a suspensão para impactos lentos (como freadas e curvas) e rápidos (como buracos, saltos e raízes). Ajustar a compressão corretamente faz toda a diferença na estabilidade e no conforto em terrenos técnicos.
4. Usar o bloqueio da suspensão o tempo todo
O bloqueio (lockout) é um recurso útil para pedalar em trechos planos ou subidas longas, onde não há necessidade de absorver impactos. No entanto, muitos ciclistas deixam a suspensão travada mesmo em trilhas com obstáculos, o que anula a função do sistema e pode causar desconforto, perda de controle e até quebra de componentes ao longo do tempo.
5. Não realizar manutenção
Mesmo as melhores suspensões precisam de manutenção preventiva. Óleo velho, retentores ressecados e sujeira acumulada afetam diretamente o funcionamento. Deixar a suspensão sem revisão por muito tempo é pedir para ela parar de trabalhar como deveria — ou pior, danificar o sistema internamente.
Como ajustar a suspensão da forma correta
- Verifique o curso da sua suspensão (geralmente entre 80 mm e 160 mm em mountain bikes convencionais).
- Ajuste o SAG:
- Vista sua roupa de pedal e suba na bike.
- Com a ajuda de alguém ou apoiado em uma parede, meça quanto a suspensão afundou.
- Ajuste a pressão do ar (em suspensões a ar) ou a pré-carga (em suspensões de mola) até atingir cerca de 25% do curso total.
- Ajuste o retorno:
- Comece no meio da escala e vá testando em trilhas diferentes.
- Se a bike estiver “pulando” após impactos, reduza o retorno (deixe mais lento).
- Se parecer que ela está “travada” e não volta a tempo, aumente o retorno (deixe mais rápido).
- Teste a compressão, se sua suspensão tiver essa função.
- Use o bloqueio com inteligência: apenas em subidas longas ou trechos de asfalto.
- Faça revisão periódica (normalmente a cada 50h a 100h de uso, dependendo do fabricante e das condições da trilha).
Dica extra: anote seus ajustes!
Cada trilha é diferente, e cada ciclista tem preferências pessoais. Um bom hábito é anotar a pressão, o SAG, o número de cliques no retorno e outros ajustes sempre que encontrar uma configuração que funcione bem para um determinado tipo de percurso. Assim, você pode replicar ou adaptar com mais facilidade em outras trilhas.
a suspensão pode ser sua maior aliada — ou seu maior problema
Ignorar o ajuste da suspensão é como dirigir um carro esportivo com os amortecedores travados: você pode até andar, mas vai sofrer a cada buraco e não terá controle nas curvas. A suspensão é o coração do conforto e do desempenho no mountain bike, e quando está bem regulada, transforma até as trilhas mais desafiadoras em experiências prazerosas e técnicas.
Respeite sua bike, entenda sua suspensão e dedique tempo para deixá-la ajustada ao seu estilo. Pode parecer técnico no começo, mas é um aprendizado que faz toda a diferença no prazer de pedalar.
4. Postura incorreta na bike: o erro silencioso que afeta tudo — e pode causar lesões sérias
Entre os erros mais comuns e, ao mesmo tempo, mais subestimados no mountain bike, está a postura incorreta durante a pedalada. Muitos ciclistas acreditam que pedalar é simplesmente subir na bike, pedalar forte e deixar o resto acontecer. Mas a realidade é que a maneira como você posiciona seu corpo na bicicleta influencia diretamente no seu rendimento, no conforto, no controle da bike e, principalmente, na sua segurança. E quando falamos de mountain bike — onde o terreno é instável, técnico e cheio de obstáculos imprevisíveis — a importância de uma postura correta se multiplica.
Uma postura inadequada pode gerar dores nas costas, formigamento nas mãos, tensão nos ombros, sobrecarga nos joelhos, cansaço excessivo e, em casos mais graves, até lesões por esforço repetitivo. Além disso, compromete a distribuição do peso sobre a bike, diminuindo a eficiência da pedalada e tornando você mais vulnerável a quedas e escorregões, especialmente em descidas, curvas e trechos técnicos.
Entendendo a “posição ideal” no MTB
Diferente do ciclismo de estrada, onde a aerodinâmica é mais importante, no mountain bike o foco da postura é a estabilidade, o controle da bike e a mobilidade corporal. Isso significa que a posição ideal não é fixa, mas sim dinâmica: você vai mudando conforme o terreno exige, transferindo o peso para frente, para trás ou para os lados, mantendo o equilíbrio da bicicleta em situações extremas.
Mesmo assim, existem fundamentos básicos que servem como ponto de partida para uma boa postura no MTB:
Olhar sempre para frente, nunca para o chão, para antecipar os obstáculos.
Braços semi-flexionados, nunca completamente esticados, para permitir absorção de impactos.
Punhos alinhados com o antebraço, evitando torções que geram dor.
Ombros relaxados, sem subir ou tensionar.
Costas ligeiramente inclinadas, formando um ângulo entre 30° e 45° em relação ao chão.
Quadris móveis, acompanhando o movimento da bike.
Joelhos levemente flexionados, sem travar.
Pés sempre paralelos ao solo quando em pé nos pedais, especialmente em descidas.
Os erros de postura mais frequentes e seus impactos
❌ Andar “travado” na bike
Um erro comum, especialmente entre iniciantes, é pedalar com o corpo todo rígido, como se a estabilidade viesse da imobilidade. Na verdade, o oposto é verdadeiro: no MTB, você precisa estar relaxado e fluido, deixando o corpo trabalhar junto com a bike. Braços e pernas funcionam como “suspensões naturais”, absorvendo impactos e mantendo o controle. Se você estiver travado, qualquer buraco ou pedra pode te desestabilizar com facilidade.
❌ Ficar sentado o tempo todo
Em trechos planos, sentar pode ser eficiente, mas em trilhas técnicas, subidas íngremes e descidas, permanecer o tempo todo no selim é um erro. Em descidas, por exemplo, o ideal é ficar em pé nos pedais, com o corpo centralizado e os joelhos e cotovelos flexionados. Isso oferece muito mais controle, aumenta a capacidade de absorver impactos e evita quedas por falta de equilíbrio.
❌ Excesso de peso nos braços
Se a bike estiver mal ajustada ou a postura for incorreta, é comum que o ciclista transfira muito peso para os braços. Isso causa dores nas mãos, formigamento, fadiga precoce e reduz a sensibilidade para controlar o guidão. O ideal é distribuir o peso de forma equilibrada entre os braços, o tronco e as pernas — com o core (abdômen e lombar) ativado para ajudar na sustentação.
❌ Desalinhamento da lombar e pescoço
A inclinação do tronco deve permitir que você mantenha a coluna alinhada, sem forçar a lombar nem esticar demais o pescoço. Um ajuste incorreto da altura do guidão ou do avanço (mesa) pode obrigar o ciclista a esticar demais os braços ou curvar as costas em excesso, o que compromete a postura geral e pode gerar dores persistentes.
❌ Não usar a técnica da posição neutra
A posição neutra é aquela em que o ciclista está preparado para reagir rapidamente a qualquer obstáculo: em pé nos pedais, com o corpo centralizado sobre a bike, braços e pernas flexionados, e o olhar para frente. Não utilizá-la em trechos de descida, raízes ou pedras é um erro que aumenta muito o risco de quedas.
A importância do bike fit e da consciência corporal
Muitas vezes, a má postura não é apenas culpa do ciclista, mas de um ajuste inadequado da bicicleta. Selim muito alto, guidão muito baixo, pedivela fora da medida ou avanço longo demais são fatores que forçam o corpo a se posicionar de forma incorreta. Por isso, é altamente recomendado fazer um bike fit profissional, especialmente se você pedala com frequência ou por longas distâncias.
Além disso, desenvolver a consciência corporal durante a pedalada é essencial. Preste atenção em como seu corpo reage a cada tipo de terreno. Tente sentir se está muito tenso, onde estão os pontos de pressão e como seu equilíbrio está sendo mantido. A prática regular, combinada com atenção à postura, vai fazer com que essas correções se tornem automáticas com o tempo.
Dicas práticas para melhorar sua postura no MTB
- Grave vídeos seus pedalando (ou peça para alguém filmar) e analise sua postura.
- Faça exercícios de mobilidade e alongamento, especialmente para coluna, quadris, ombros e pescoço.
- Fortaleça o core, pois é ele que mantém seu tronco estável durante a pedalada.
- Assista a vídeos de ciclistas experientes e observe como eles se movimentam sobre a bike.
- Treine em terrenos variados, para desenvolver equilíbrio e fluidez corporal.
- Ajuste sua bike corretamente: altura do selim, inclinação do guidão, tamanho do quadro e posição dos manetes fazem toda a diferença.
uma boa postura não é estética — é performance e segurança
No mountain bike, sua postura influencia absolutamente tudo: o quanto você se cansa, o quanto você controla a bike, o quanto você evita lesões e o quanto você se diverte. Corrigir os erros posturais é um processo contínuo, mas os benefícios são imediatos. Quando o corpo e a bicicleta trabalham em harmonia, até os trechos mais difíceis se tornam mais acessíveis — e a experiência do pedal se transforma por completo.

5. Frear da forma errada: o erro que transforma qualquer trilha em uma armadilha
Frear corretamente é uma das habilidades mais importantes e negligenciadas no mountain bike. Muitos ciclistas — principalmente os iniciantes — têm a tendência de pensar que frear é simplesmente apertar as alavancas no guidão e pronto. Só que no MTB, frear mal não é só ineficiente — é perigoso. Freios mal usados causam derrapagens, perdem tração, desequilibram a bike, aumentam o risco de quedas em curvas e até podem levar o ciclista a capotar.
Dominar a técnica de frenagem é o que separa o ciclista inseguro e tenso daquele que tem controle total da bike, mesmo em descidas íngremes, curvas fechadas e terrenos soltos. E sim, existe técnica para isso — frear não é instintivo como parece.
Vamos entender por que frear da maneira errada é tão prejudicial, quais os erros mais comuns e, principalmente, como fazer do freio um aliado nas trilhas.
Por que frear corretamente é tão importante no mountain bike
Diferente do asfalto, onde a tração costuma ser constante e previsível, as trilhas de MTB apresentam uma variedade enorme de superfícies: terra solta, cascalho, pedras, raízes molhadas, lama, areia, e tudo isso muitas vezes em inclinações acentuadas. Em cada uma dessas situações, a forma como você aplica o freio precisa ser ajustada. Frear forte demais ou no momento errado pode fazer com que a roda trave, perca o contato com o solo, e você perca completamente o controle.
Outro ponto fundamental: frear não é apenas reduzir a velocidade. É controlar a bicicleta. Uma boa frenagem ajuda a entrar melhor nas curvas, posicionar o corpo adequadamente, manter a tração e evitar acidentes.
Erros mais comuns ao frear no MTB
❌ Frear bruscamente com a roda dianteira
Esse é talvez o erro mais perigoso. Quando o ciclista aplica força demais no freio dianteiro, especialmente em descidas, o peso do corpo é lançado para frente. Se a roda dianteira travar, o resultado pode ser um capotamento por sobre o guidão (conhecido como “OTB” – over the bars). Esse tipo de queda costuma ser violento e, infelizmente, bastante comum entre quem está aprendendo a lidar com a bike em terrenos inclinados.
❌ Frear com força excessiva na traseira
O freio traseiro deve ser usado com moderação. Quando é acionado com força demais, a roda traseira perde aderência e começa a derrapar, especialmente em terrenos soltos. Isso desestabiliza a bicicleta, tira a linha da curva e pode fazer o ciclista cair de lado ou até sair da trilha.
❌ Frear dentro da curva
Outro erro comum e perigoso. Quando você freia dentro de uma curva, transfere o peso da bike de forma desequilibrada e reduz drasticamente a tração das rodas, especialmente da dianteira. O resultado? A roda escapa, e você vai ao chão. O correto é sempre frear antes da curva, ajustando a velocidade para entrar no raio certo e fazendo a curva com o máximo de controle.
❌ Manter os freios pressionados por muito tempo em descidas
Ao descer uma ladeira íngreme, muitos ciclistas iniciantes mantêm os freios pressionados o tempo todo, numa tentativa de manter o controle. Mas isso gera superaquecimento dos discos, perda de eficiência de frenagem (fade), desgaste excessivo das pastilhas e menor sensibilidade de controle. O ideal é usar uma técnica chamada frenagem progressiva ou modular: frear de forma suave e intermitente, controlando a velocidade com toques breves, ao invés de manter os freios travados.
❌ Posição errada dos dedos nas alavancas
Você deve usar apenas um dedo (o indicador) para acionar os freios. Usar dois ou mais dedos compromete sua capacidade de segurar o guidão com firmeza e de responder a solavancos da trilha. Além disso, muitos ciclistas não regulam a distância das alavancas, o que exige mais força e dificulta o controle fino da frenagem.
Como frear da forma correta no MTB
Agora que você viu o que não fazer, é hora de aprender como frear com técnica, consciência e controle:
✅ Use a frenagem progressiva
Evite apertar os freios de forma brusca. Comece com uma leve pressão e aumente de forma gradual até atingir o efeito desejado. Isso ajuda a manter a tração das rodas e evita que elas travem. Essa modulação é essencial para controlar a bike com precisão.
✅ Distribua a frenagem entre os dois freios
O freio dianteiro é mais potente (em torno de 70% da frenagem eficiente vem dele), mas exige cuidado. O traseiro ajuda a estabilizar a bicicleta. Em trechos de descida, use mais o freio dianteiro, mas sempre com moderação e sentindo o terreno. Em curvas, reduza a velocidade antes e mantenha o controle apenas com toques leves, se necessário.
✅ Posicione corretamente o corpo
Em frenagens fortes, principalmente em descidas, leve o quadril para trás, deslocando o peso do corpo para a roda traseira. Isso evita que a roda dianteira receba todo o impacto e reduz o risco de capotar. Quanto mais inclinada for a descida, mais você deve recuar o corpo — até chegar à posição de “traseira baixa”, com o selim entre as pernas e os braços estendidos.
✅ Ajuste a altura e o ângulo das alavancas
A posição ideal das alavancas de freio é aquela em que você consegue alcançá-las com um só dedo, sem esticar a mão ou soltar o guidão. O ângulo das alavancas deve acompanhar o ângulo natural dos seus braços e punhos quando você está na posição de ataque. Isso permite uma frenagem mais precisa e reduz a fadiga nas mãos.
✅ Treine frenagens em diferentes terrenos
Encontre um espaço seguro para praticar frenagens com diferentes intensidades e em diversos tipos de solo. Aprenda a sentir quando a roda está prestes a travar. Desenvolver esse “feeling” vai te deixar muito mais preparado para trilhas técnicas.
Dica bônus: aprenda a “frear com o olhar”
Muita gente subestima o quanto o olhar influencia na frenagem. Se você foca no obstáculo ou no chão logo à frente da roda, sua reação será tardia. O ideal é olhar para 10 a 15 metros à frente, antecipando obstáculos e já se preparando para frear com eficiência. Isso dá tempo ao seu corpo e à bike para reagirem de forma controlada — e não no susto.
frear bem é pilotar com inteligência
No mountain bike, frear corretamente não é um detalhe técnico — é uma habilidade fundamental. Pedalar bem não é apenas subir e descer: é dominar a arte de manter o controle da bike, independentemente do terreno. E isso começa pelo freio.
Frenagem correta significa mais segurança, mais velocidade onde ela é possível, mais fluidez nas curvas, e principalmente, menos quedas. Quanto mais técnica você adquire nesse aspecto, mais confiança você ganha para encarar trilhas técnicas e desafios maiores.
Então, da próxima vez que for para a trilha, não pense apenas em pedalar forte. Pense em frear bem. Sua segurança — e sua performance — dependem disso.
6. Não fazer manutenção preventiva: um erro silencioso que cobra caro na trilha
Entre os diversos erros cometidos por ciclistas de mountain bike, talvez nenhum seja tão subestimado quanto a negligência com a manutenção preventiva da bicicleta. Diferente de uma pane súbita, que se manifesta de forma barulhenta e imediata, os efeitos da falta de cuidados preventivos são discretos, cumulativos — e, no momento errado, devastadores.
Ignorar a manutenção periódica da bike é como planejar uma grande viagem de carro sem nunca olhar o nível de óleo, calibrar os pneus ou verificar os freios. No MTB, onde a bicicleta é exposta a terrenos extremos, umidade, poeira, lama e impactos constantes, o cuidado com a parte mecânica e estrutural não é opcional — é essencial para a segurança, performance e durabilidade do equipamento.
Vamos explorar com profundidade o que é a manutenção preventiva, quais são os erros mais comuns de quem não a realiza, quais são os componentes mais críticos que exigem atenção e como montar um cronograma básico de manutenção para não ser surpreendido negativamente na trilha.
O que é manutenção preventiva na bike – e por que ela é indispensável no MTB
A manutenção preventiva nada mais é do que uma rotina de cuidados programados e regulares com os componentes da bicicleta, com o objetivo de evitar falhas mecânicas, identificar desgastes antes que se tornem problemas maiores e garantir que a bike esteja sempre em perfeitas condições de funcionamento.
No MTB, essa prática se torna ainda mais importante por um motivo simples: as trilhas exigem muito mais da bicicleta do que o uso urbano ou no asfalto. Poeira fina invade os cubos e câmbios. Lama seca e gruda nos componentes. Pedras geram impacto direto no aro, corrente, cassete. A cada trilha, a bicicleta sofre dezenas de microagressões que, acumuladas, comprometem a segurança e a eficiência se não forem tratadas a tempo.
Erros mais comuns de quem ignora a manutenção preventiva
❌ Só fazer manutenção quando algo quebra
Esse é o erro clássico: só levar a bike à oficina quando algum problema já se tornou grave. Corrente pulando, marcha engasgando, ruído estranho no movimento central, pastilha de freio já no metal… A falta de revisão periódica transforma pequenos ajustes em reparos caros — e às vezes até em substituições completas de peças.
❌ Lavar a bike do jeito errado (ou não lavar nunca)
Outro erro frequente é lavar a bicicleta com jato forte (como lavadoras de alta pressão), o que força água e sujeira para dentro dos rolamentos e cubos. E há também o oposto: ciclistas que nunca lavam a bike, deixando lama seca e poeira acumulada corroer o sistema de transmissão e o funcionamento dos câmbios. Limpar corretamente é uma parte fundamental da manutenção preventiva.
❌ Deixar de lubrificar a corrente
Uma corrente sem lubrificação adequada não só faz barulho — ela acelera o desgaste do cassete e da coroa, gera atrito excessivo, reduz o rendimento do pedal e pode até quebrar no meio da trilha. O uso de lubrificantes inadequados (óleo de cozinha, por exemplo) também é um erro perigoso.
❌ Ignorar pequenos ruídos e folgas
Todo ciclista já ouviu aquele “tec-tec” misterioso ou sentiu um leve jogo no selim, no pedal ou na direção. O erro está em ignorar esses sinais. Um simples ruído pode indicar folga nos rolamentos, parafusos soltos, ou até uma trinca no quadro. A manutenção preventiva detecta e corrige esses sinais antes que o problema se agrave.
Componentes que exigem mais atenção na manutenção preventiva
Se você quer manter sua mountain bike em bom estado, esses são os pontos críticos que merecem revisões periódicas:
Transmissão (corrente, cassete, coroas e câmbios)
Esses componentes sofrem desgaste constante. A corrente deve ser limpa e lubrificada com frequência, e substituída assim que atingir o limite de elongação. Um medidor de desgaste de corrente é um investimento barato e muito útil. Câmbios precisam estar regulados para garantir trocas suaves e evitar estalos ou quedas de corrente.
Freios (hidráulicos ou mecânicos)
Pastilhas devem ser verificadas regularmente — se estiverem com menos de 1 mm de material, é hora de trocar. Em freios hidráulicos, verifique também o nível do fluido e se há sinais de vazamento. Uma frenagem ineficiente pode ser desastrosa numa trilha técnica.
Suspensão dianteira e traseira
Muita gente acha que a suspensão é “selada” e livre de manutenção. Ledo engano. A suspensão precisa de limpeza externa após cada pedalada em trilhas, além de revisões periódicas no sistema interno, com troca de óleo e checagem dos retentores, conforme orientação do fabricante (geralmente a cada 50h a 100h de uso).
Direção, caixa de direção e movimento central
São áreas sujeitas à entrada de sujeira e à perda de graxa com o tempo. Folgas, ruídos ou dificuldade para girar o guidão são sinais claros de que algo precisa de atenção.
Rodas e cubos
Cheque se os aros estão alinhados, se os raios estão tensionados, e se há jogo nos cubos. Rolamentos com graxa seca ou contaminada comprometem o giro e aumentam o esforço ao pedalar.
Benefícios reais de manter a manutenção em dia
Além de evitar imprevistos nas trilhas, a manutenção preventiva oferece vantagens concretas para o ciclista:
- Mais segurança: menos chances de quebra em alta velocidade ou em trechos técnicos.
- Maior durabilidade dos componentes: peças bem cuidadas duram muito mais.
- Economia a longo prazo: prevenir custa menos do que consertar.
- Melhor performance: uma bike bem ajustada rende mais, responde melhor e transmite mais confiança ao ciclista.
- Conservação do investimento: uma bike bem cuidada vale mais na hora da revenda.
Como montar uma rotina básica de manutenção preventiva
Aqui está uma sugestão de rotina para manter sua mountain bike sempre pronta:
Após cada pedalada:
- Limpeza leve (paninho úmido ou escova macia para remover poeira e lama)
- Lubrificação da corrente (se estiver seca)
- Verificação visual de danos ou sujeira acumulada
Semanalmente (ou a cada 2–3 pedais intensos):
- Limpeza mais detalhada
- Checagem da calibragem dos pneus
- Inspeção dos freios e marchas
- Verificação de folgas em pedais, selim, direção
Mensalmente (ou a cada 150–200 km):
- Limpeza profunda da transmissão
- Medição do desgaste da corrente
- Ajustes finos de câmbios
- Inspeção completa da bike (quadros, rodas, suspensão)
Trimestralmente (ou a cada 500–800 km):
- Revisão dos rolamentos
- Checagem dos cabos e conduítes (ou sangria dos freios hidráulicos)
- Revisão da suspensão (conforme orientação do fabricante)
- Balanceamento de rodas (tensionamento de raios)
cuidar da bike é cuidar de você
No fim das contas, a manutenção preventiva é um reflexo do seu respeito pela bicicleta — e por você mesmo. Quem cuida bem do equipamento pedala com mais segurança, mais eficiência e mais tranquilidade. Evita imprevistos, economiza dinheiro e prolonga a vida útil da sua companheira de aventuras.
Então, antes da próxima trilha, reserve um tempinho para dar aquela atenção à sua bike. Uma pequena verificação hoje pode evitar uma grande dor de cabeça amanhã.

7. Escolher a marcha errada em subidas e descidas: como esse erro afeta seu desempenho e sua segurança no MTB
Saber usar corretamente as marchas da bicicleta é um dos pilares da técnica no mountain bike. No entanto, muitos ciclistas — especialmente iniciantes — cometem um erro crucial: escolher a marcha errada em momentos críticos, como nas subidas íngremes ou nas descidas técnicas. Esse engano pode parecer pequeno, mas tem impacto direto no desempenho, no controle da bike e até na segurança do pedal.
Entender como e quando mudar de marcha é essencial para enfrentar os diferentes tipos de terreno com eficiência. O uso inadequado da relação de marchas pode sobrecarregar os músculos, desgastar prematuramente os componentes da transmissão, gerar perda de tração e tornar a pedalada mais difícil do que deveria ser. Vamos mergulhar a fundo nesse erro, entender por que ele acontece e como evitá-lo com técnica e consciência.
Por que escolher a marcha certa é tão importante no MTB
Ao contrário do ciclismo de estrada, em que o terreno costuma ser mais previsível, o mountain bike exige mudanças constantes de cadência e força devido às variações bruscas de inclinação, tipo de solo, obstáculos naturais e clima. Isso exige que o ciclista esteja sempre atento e pronto para antecipar trocas de marcha, de forma fluida e estratégica.
Usar a marcha errada na hora errada traz consequências como:
- Perda de força e tração em subidas
- Trancos ou travamentos na corrente
- Maior desgaste do cassete e da corrente
- Desconforto muscular e fadiga precoce
- Menor controle da bicicleta em descidas técnicas
- Risco de quedas ou acidentes
Erro clássico em subidas: tentar subir marchado pesado demais
Um dos erros mais comuns no MTB acontece nas subidas técnicas ou inclinadas: o ciclista espera para mudar de marcha até que já esteja enfrentando a inclinação. Nesse momento, o esforço nas pernas já está no limite e a corrente está sob grande tensão. Tentar trocar para uma marcha mais leve nessas condições pode causar um estalo, uma troca imprecisa ou até a queda da corrente — isso quando não trava completamente o pedal.
Além disso, pedalar com uma marcha muito pesada em subidas força excessivamente os músculos das pernas, em especial os quadríceps e os glúteos, além de sobrecarregar os joelhos. O resultado é um gasto de energia desnecessário e, muitas vezes, a perda de ritmo ou até mesmo a necessidade de descer da bike e empurrar.
✅ O que fazer nas subidas:
- Antecipe a troca de marcha antes de chegar na subida. Olhe o terreno à frente e reduza o peso da pedalada.
- Use uma cadência mais alta (rotação das pernas) com marchas leves. Isso evita desgaste muscular e mantém a tração.
- Evite mudanças bruscas sob carga. Sempre alivie um pouco a força no pedal no momento da troca.
Erro comum em descidas: usar marchas leves demais e perder o controle
Nas descidas, o erro se inverte: muitos ciclistas descem com marchas muito leves, como se ainda estivessem em uma subida. Isso faz com que o ciclista perca o controle da cadência, gire os pedais em falso (o famoso “pedal livre”) e não consiga acelerar ou responder rapidamente caso seja necessário.
Além disso, o uso de marchas leves nas descidas não oferece o mesmo tipo de retorno mecânico ao pedal, o que reduz a capacidade de controle da bike em curvas, saltos ou freadas. Em trilhas técnicas, isso pode se tornar perigoso — especialmente quando há pedras, raízes ou degraus naturais.
✅ O que fazer nas descidas:
- Engrene uma marcha mais pesada antes da descida começar, assim você terá mais controle e tração.
- Use a força da marcha para manter o equilíbrio e o ritmo, mesmo quando estiver pedalando pouco.
- Evite trocas de marcha enquanto desce com muita velocidade, pois isso pode gerar desgaste desnecessário no câmbio.
Erro duplo: fazer trocas de marcha no momento errado
Outro problema comum é realizar a troca de marcha durante o pedal em alta tensão, seja subindo ou forçando numa arrancada. Isso coloca a corrente sob esforço e pode resultar em trocas imprecisas, ruídos mecânicos, desgaste acelerado ou até quebra do câmbio.
Além disso, muitos ciclistas não têm o hábito de observar a linha da corrente — ou seja, evitar o cruzamento exagerado entre coroas e cassetes (por exemplo, usando o maior cog com a maior coroa). Essa má combinação aumenta o atrito, diminui a eficiência da pedalada e desgasta prematuramente os componentes.
✅ Dicas para trocas suaves e eficientes:
- Reduza a força nos pedais momentaneamente ao trocar a marcha.
- Evite marchas cruzadas — mantenha uma linha de corrente mais reta sempre que possível.
- Treine a percepção da cadência e do terreno para que a troca aconteça de forma antecipada e natural.
Como treinar o uso correto das marchas
Usar bem as marchas é uma habilidade que pode — e deve — ser treinada. Aqui estão algumas estratégias:
- Faça treinos específicos de subida e descida focando em encontrar a marcha ideal para diferentes tipos de inclinação.
- Experimente variações de cadência para sentir em qual faixa você rende melhor (cadência ideal no MTB gira em torno de 70–90 rpm).
- Grave trechos de trilhas com uma câmera e analise depois onde você poderia ter trocado antes ou usado uma marcha melhor.
- Treine a antecipação: comece a prestar atenção ao relevo com mais antecedência e programe suas trocas de marcha com consciência.
trocar a marcha no momento certo muda toda a dinâmica do pedal
Escolher a marcha correta não é só uma questão de conforto ou técnica — é uma habilidade que afeta diretamente sua performance, segurança e prazer ao pedalar. No mountain bike, onde o terreno muda a cada curva, dominar o uso da transmissão é tão importante quanto ter um bom condicionamento físico ou equipamentos de qualidade.
Portanto, observe mais, antecipe-se ao relevo, treine a sensibilidade ao terreno e faça das marchas suas aliadas — não seus inimigos.
8. Levar pouco (ou nenhum) equipamento de emergência: um erro que pode transformar o pedal em um pesadelo
No universo do mountain bike, onde trilhas remotas, terrenos acidentados e condições climáticas imprevisíveis são a norma, estar preparado para imprevistos não é luxo — é necessidade. Ainda assim, muitos ciclistas cometem o erro perigoso de sair para pedalar sem o mínimo de equipamentos de emergência. Esse descuido, que muitas vezes vem da pressa ou do excesso de confiança, pode transformar uma aventura prazerosa em um verdadeiro pesadelo.
Desde um simples furo de pneu até um problema mais sério, como uma quebra de corrente ou até um tombo inesperado, a chance de algo sair do controle existe em qualquer pedal. E quanto mais distante de centros urbanos você estiver, maior a importância de estar autossuficiente para resolver pequenos (ou grandes) perrengues.
Por que muitos ciclistas negligenciam os equipamentos de emergência
Um dos principais motivos é a ilusão de que “vai dar tudo certo”. Esse pensamento costuma vir acompanhado de frases como:
“É só um pedal curto, nem preciso levar nada.”
“Já pedalei essa trilha várias vezes, nunca aconteceu nada.”
“Se der problema, alguém me ajuda.”
Esse tipo de pensamento ignora que, no MTB, cada trilha é diferente a cada dia — mesmo a mais conhecida pode estar escorregadia, bloqueada por galhos, com lama, pedras soltas, animais ou até detritos inesperados. Sem contar que contar com a ajuda dos outros nem sempre é possível: às vezes você pode estar sozinho, fora de sinal de celular, ou com outros ciclistas que também não estão preparados.
O que pode dar errado — e como o kit de emergência pode salvar seu pedal
Abaixo, alguns dos problemas mais comuns enfrentados em trilhas e como os equipamentos certos podem salvar o dia:
1. Furo no pneu
Furos são extremamente comuns em trilhas, causados por espinhos, pedras ou impacto com raízes. Um simples prego pode arruinar a volta — se você estiver despreparado.
✅ Equipamentos que resolvem:
- Espátulas para remover o pneu
- Câmara de ar reserva
- Kit de remendos
- Bomba de ar ou cilindro de CO₂
- Kit de reparo de tubeless (macarrão e aplicador)
2. Corrente quebrada
A corrente pode quebrar em uma troca de marcha malfeita, após um impacto ou simplesmente por desgaste. Sem ela, sua bike não anda — literalmente.
✅ Equipamentos que resolvem:
- Elo rápido compatível
- Extrator de corrente
- Canivete multiuso com chave corrente
3. Parafusos afrouxados
Com o tempo e o impacto do terreno, é comum que parafusos do guidão, selim ou pedais se soltem, causando ruídos, desconforto ou até riscos de queda.
✅ Equipamentos que resolvem:
- Canivete com chaves allen (preferencialmente de boa qualidade)
- Torquímetro portátil (opcional, para ajustes mais precisos)
4. Desconforto, frio ou desidratação
Nem sempre o problema é mecânico. Um pedal mais longo que o previsto pode resultar em desidratação, insolação ou até queda de temperatura repentina em trilhas serranas.
✅ Equipamentos que ajudam:
- Jaqueta corta-vento leve
- Manguito e pernito (em caso de variação térmica)
- Água suficiente (camelbak ou caramanholas)
- Isotônico, gel energético ou barrinhas
- Protetor solar e óculos de sol
Montando o kit de emergência ideal para trilhas de MTB
Seu kit pode variar conforme o tipo de pedal, clima, duração e nível de isolamento da trilha, mas há uma lista básica que todo ciclista de MTB deveria carregar:
Kit mínimo essencial:
- Câmara de ar extra
- Espátula para pneus
- Bomba ou CO₂ com bico
- Canivete multiuso com chaves allen, chave de corrente, torx e fenda
- Elo rápido compatível com sua corrente
- Kit de remendo rápido
- Kit de reparo tubeless (se usar pneus sem câmara)
- Dinheiro trocado e documento
- Celular com bateria carregada (ou power bank compacto)
Extras que valem o peso:
- Luvas reserva (em caso de chuva ou queda)
- Bandana ou buff multiuso
- Jaqueta corta-vento compacta
- Mini lanterna frontal ou traseira (especialmente se há chance de escurecer)
- Pequeno kit de primeiros socorros (com curativo, gaze, esparadrapo, antisséptico)
Como carregar tudo isso sem comprometer o desempenho
Muitos ciclistas evitam levar kit de emergência com medo de carregar peso desnecessário. Mas hoje em dia há inúmeras formas de organizar esses itens com praticidade e leveza:
- Bolsa de selim: ideal para guardar ferramentas, câmara e remendos
- Bolsa de quadro ou de top tube: ótima para itens de acesso rápido como celular, comida ou power bank
- Camelbak ou mochila de hidratação: perfeito para carregar tudo de forma confortável, com peso distribuído nas costas
Prevenir é pedalar com mais liberdade
Mais do que estar pronto para resolver problemas, ter um kit de emergência é ter liberdade para explorar. Ele dá a tranquilidade de seguir em frente mesmo se algo der errado. Isso aumenta a confiança, reduz o medo de se arriscar em novos percursos e permite que você aproveite melhor o MTB em sua essência: como uma aventura.
Portanto, se você ainda sai para pedalar com o mínimo ou sem nenhum equipamento, reavalie essa prática. No mountain bike, a autossuficiência é uma das habilidades mais valorizadas. Ser o ciclista que resolve problemas — e não o que precisa ser resgatado — é sinal de experiência e respeito pelo esporte.

9. Alimentar-se mal antes ou durante o pedal: como a má nutrição pode arruinar sua performance e colocar sua saúde em risco
Uma boa pedalada de mountain bike exige mais do que técnica, preparo físico e equipamentos em dia. A alimentação adequada antes e durante o pedal é uma das chaves para o desempenho, a resistência e, principalmente, a segurança do ciclista. Ainda assim, muitos bikers — inclusive experientes — cometem o erro de subestimar a importância de uma nutrição estratégica. Isso pode resultar em fadiga precoce, perda de rendimento, tonturas, cãibras e até desmaios em trilhas mais exigentes.
No MTB, onde o esforço físico é elevado e o gasto calórico é alto, alimentar-se mal não é apenas um erro — é um risco real. O corpo precisa de energia constante para lidar com as subidas íngremes, os trechos técnicos, o controle da bike em descidas e a concentração ao longo do trajeto. Se faltar combustível, tudo isso entra em colapso.
Entendendo o impacto da alimentação no desempenho do ciclista
Durante o pedal, principalmente em trilhas longas, o corpo consome uma combinação de carboidratos, gorduras e até proteína muscular como fonte de energia. Os carboidratos são os mais rápidos e eficientes, mas também os que se esgotam mais depressa. Quando os estoques acabam, ocorre o temido “pane seca” — aquela sensação de que as pernas travaram e não têm mais força alguma.
Além disso, a baixa ingestão de alimentos e líquidos afeta a função cerebral e a capacidade de tomada de decisão, o que é extremamente perigoso em trilhas técnicas. Um ciclista mal alimentado pode perder a coordenação motora, o reflexo e a capacidade de reagir a obstáculos, aumentando muito o risco de quedas.
Erros alimentares mais comuns entre ciclistas de MTB
Vamos analisar os principais equívocos nutricionais antes e durante as pedaladas:
1. Sair de estômago vazio ou com uma refeição muito leve
Alguns ciclistas, especialmente os que pedalam logo cedo, saem para o pedal com um café da manhã fraco ou até mesmo em jejum. Isso é um erro grave, especialmente em trilhas mais intensas. Sem glicose no sangue e com o fígado em jejum, o corpo rapidamente recorre aos estoques de glicogênio muscular, que se esgotam em menos de uma hora — e, quando acabam, vem a quebra de rendimento brutal.
✅ O ideal:
- Faça uma refeição leve mas energética de 1h a 1h30 antes do pedal.
- Combine carboidratos de absorção lenta (pães integrais, aveia, frutas com fibra) com uma pequena porção de proteína (iogurte, ovo, pasta de amendoim).
- Evite alimentos gordurosos ou muito ricos em fibras logo antes de pedalar, pois dificultam a digestão.
2. Não consumir nada durante o pedal
Outro erro é achar que só porque o pedal tem “apenas” 1h30 ou 2h, não é necessário se alimentar. Em trilhas, o esforço é mais intenso que no asfalto, e o consumo calórico pode facilmente ultrapassar 600–1000 kcal por hora.
✅ O ideal:
- Para pedais de até 1h30, leve ao menos uma garrafa de água e uma fruta ou barrinha.
- Para pedais entre 2 e 4 horas, consuma algo a cada 40–50 minutos: gel de carboidrato, frutas secas, bananinha, mel, sanduíche pequeno ou paçoca.
- Para trilhas longas, leve lanches mais densos e faça pausas para comer com calma (wraps, pães recheados, barras energéticas caseiras, etc).
3. Hidratação inadequada
A desidratação é um erro que anda de mãos dadas com a má alimentação. Muitos ciclistas tomam apenas alguns goles de água em pedais longos, o que não é suficiente para repor o que se perde com o suor.
✅ O ideal:
- Beba pequenos goles a cada 10–15 minutos, mesmo sem sede.
- Em pedais longos, alterne água com isotônico ou cápsulas de sais minerais.
- Comece o pedal já hidratado, bebendo bastante água no dia anterior e logo ao acordar.
Sintomas de uma má alimentação durante o pedal
Se você já sentiu algum desses sinais, provavelmente cometeu erros alimentares:
Fraqueza repentina nas pernas
Tontura ou visão embaçada
Tremores, suor frio ou sensação de desmaio
Irritabilidade e dificuldade de concentração
Cãibras musculares
Dores de cabeça ao final do pedal
Esses sintomas não devem ser ignorados. Eles indicam que o corpo está em estado de alerta e exigindo energia ou reposição hídrica. Persistir em pedalar nessas condições pode causar desde lesões musculares até desmaios ou quedas sérias.
Como se planejar nutricionalmente para cada tipo de pedal
Pedal curto (até 1h):
- Café da manhã leve com frutas e pão integral
- Água no squeeze (500ml)
Pedal médio (1h30 a 3h):
- Café da manhã completo
- 1 garrafa de água + 1 de isotônico
- 1 banana + 1 gel ou barrinha
Pedal longo (mais de 3h ou em trilha técnica):
- Café da manhã reforçado com carboidrato + proteína
- 2 caramanholas ou camelbak
- Lanches variados a cada 40min
- Reposição de eletrólitos (sal ou isotônico)
Dica extra: treine sua alimentação
Assim como você treina força, técnica e resistência, é importante treinar sua estratégia nutricional. Não teste novos alimentos no dia de uma trilha importante — experimente antes em treinos, descubra o que funciona bem no seu estômago, qual gel te dá energia sem enjoo, e aprenda a ouvir seu corpo.
combustível certo = pedal de qualidade
O corpo é como uma máquina — e nenhuma máquina funciona direito sem o combustível adequado. Em uma modalidade exigente como o mountain bike, alimentar-se bem antes e durante a trilha é um cuidado básico que garante energia, evita riscos e melhora sua experiência na bike. Com o tempo, você vai perceber que um ciclista bem alimentado pedala mais forte, com mais disposição, menos dor e muito mais prazer.
Não negligencie esse aspecto. A nutrição é tão importante quanto o treino. Cuide dela — e colha os resultados nas trilhas.
10. Ignorar o condicionamento físico: o erro que limita seu desempenho e aumenta os riscos nas trilhas
Um dos erros mais comuns — e subestimados — entre ciclistas de mountain bike, principalmente os iniciantes ou entusiastas de fim de semana, é negligenciar o próprio condicionamento físico. No MTB, confiar apenas na técnica ou na força de vontade não é suficiente. Por mais equipada que seja sua bicicleta ou por mais experiência que você tenha em trilhas, sem uma boa base física, seu rendimento será comprometido — e sua segurança, colocada em risco.
O mountain bike é uma modalidade que exige resistência cardiovascular, força muscular, flexibilidade, coordenação motora, agilidade e estabilidade do core. Trata-se de um esporte completo, que desafia o corpo de forma constante em terrenos irregulares, subidas íngremes, descidas técnicas e obstáculos naturais. Pedalar sem preparo físico é como entrar em um campo de batalha sem armadura: a chance de desgaste precoce, lesões, fadiga extrema e até quedas graves aumenta consideravelmente.
Por que muitos ciclistas negligenciam o preparo físico?
A razão principal é simples: falta de conhecimento ou foco apenas na diversão. Muitos praticantes do MTB veem a pedalada apenas como um hobby recreativo e não como uma atividade física de alto impacto. Outros acreditam que só pedalar aos fins de semana já é o suficiente para manter o corpo apto. E há ainda aqueles que até treinam, mas de forma desorganizada, sem constância, intensidade adequada ou exercícios complementares.
No entanto, quanto mais desafiadoras forem as trilhas que você pretende enfrentar — como subidas longas, trechos técnicos ou pedaladas de longa duração —, maior será a exigência física. Se o corpo não estiver preparado, ele simplesmente não acompanha, e o ciclista se vê exausto, travado e frustrado.
As consequências de pedalar sem condicionamento físico adequado
Pedalar com o físico despreparado não afeta apenas o rendimento, mas também coloca a sua integridade em risco. Veja os principais impactos:
1. Fadiga precoce
Sem resistência cardiovascular e muscular, o corpo se cansa rapidamente. O resultado é uma queda significativa na performance, mesmo em percursos curtos ou moderados. Você sente as pernas pesadas, a respiração ofegante, a concentração cai — e tudo vira um esforço gigantesco.
2. Risco elevado de lesões
Músculos fracos, articulações instáveis e baixa resistência aumentam o risco de lesões como:
- Estiramentos musculares
- Dores nos joelhos e nas costas
- Tendinites e bursites
- Lesões no ombro e punho (por instabilidade ao controlar a bike)
3. Perda de técnica
Quando o corpo está cansado, o controle fino da bike se perde. O ciclista começa a errar na linha de pilotagem, frear mal, posicionar-se errado em obstáculos e tomar decisões precipitadas — o que pode levar a acidentes em terrenos técnicos.
4. Menor aproveitamento da trilha
Sem preparo físico, o pedal deixa de ser prazeroso e se torna um martírio. A cada subida, uma pausa. A cada trecho técnico, medo. A cada quilômetro, uma dúvida: “Será que vou conseguir terminar?”. E isso desmotiva qualquer ciclista.
Como desenvolver o condicionamento físico ideal para o MTB
Felizmente, esse é um erro totalmente corrigível — e que traz resultados visíveis em pouco tempo, desde que você seja consistente. Veja como se preparar melhor fisicamente para o mountain bike:
1. Pedale com frequência e regularidade
Não adianta apenas pedalar aos sábados e esperar evolução. O ideal é fazer ao menos 2 a 3 treinos por semana, com variação de intensidade. Pedais curtos em ritmo mais forte durante a semana ajudam a construir resistência e força aeróbica. Os longos, aos fins de semana, consolidam o ganho de fôlego e resistência.
2. Trabalhe a força fora da bike
O fortalecimento muscular é essencial para aguentar longos percursos e manter o corpo estável sobre a bike. Foque especialmente em:
Pernas (agachamentos, avanço, leg press)
Core (abdominais, prancha, lombar)
Glúteos (essenciais para potência nas subidas)
Costas e ombros (para estabilidade e controle da bike)
Faça musculação ou treino funcional de 2 a 3 vezes por semana.
3. Invista na mobilidade e alongamento
Muitos ciclistas negligenciam a mobilidade articular e a flexibilidade, mas elas são fundamentais para manter a postura correta e evitar dores nas costas, pescoço e joelhos. O ideal é praticar alongamento após os treinos e, se possível, incluir atividades como yoga, pilates ou liberação miofascial na rotina semanal.
4. Treine resistência cardiovascular
O coração e os pulmões são o motor do ciclista. Além do próprio pedal, atividades como corrida, caminhada rápida, natação ou até pular corda podem ajudar a melhorar a capacidade cardiorrespiratória — especialmente se feitas em dias alternados, com intensidade moderada a alta.
5. Respeite o descanso
Não existe evolução sem descanso. O condicionamento físico melhora quando há recuperação muscular e neurológica. Evite treinar todos os dias com alta intensidade e inclua pelo menos um dia de descanso total por semana.
Dicas práticas para incorporar o treino físico na sua rotina de MTB
- Faça um cronograma semanal simples: 2 dias de pedal + 2 dias de treino de força já é um ótimo começo.
- Use rolo de treino ou bike indoor em dias chuvosos ou corridos.
- Associe os treinos à alimentação equilibrada e hidratação constante.
- Monitore seu progresso com apps ou planilhas: tempo, frequência cardíaca, distância, sensação de esforço.
- Busque orientação profissional se possível (personal trainer ou fisioterapeuta esportivo).
corpo preparado, trilha aproveitada
Ignorar o condicionamento físico é um dos maiores obstáculos à evolução no mountain bike. Ao contrário do que muitos pensam, não é preciso ser um atleta profissional para estar bem preparado — basta ter disciplina, consistência e o entendimento de que a bike exige respeito ao corpo. Treinar o físico é investir na sua segurança, longevidade no esporte e, acima de tudo, no prazer de pedalar com liberdade, potência e confiança.
Seu corpo é a máquina mais importante da trilha. Cuide dele com a mesma atenção que você dá à sua bike — e veja sua performance subir montanha acima.

11. Pedalar sozinho em trilhas desconhecidas: um erro que pode transformar aventura em risco desnecessário
Para muitos ciclistas de mountain bike, a ideia de pedalar sozinho traz um certo encanto: a conexão com a natureza, a paz do silêncio, a liberdade de seguir no próprio ritmo, sem pressa ou interferência. No entanto, quando essa pedalada solo acontece em trilhas desconhecidas, o que parece ser uma jornada de autoconhecimento e adrenalina pode facilmente se transformar em uma situação de alto risco — e até perigosa.
Pedalar por locais inexplorados exige um conjunto de precauções que, quando negligenciadas, tornam o ciclista vulnerável a imprevistos, acidentes e até situações de emergência onde o resgate pode ser extremamente complicado. Por isso, pedalar sozinho em terrenos que você não conhece ainda é um dos erros mais graves que um praticante de MTB pode cometer, especialmente se ele não estiver totalmente preparado para lidar com o inesperado.
Por que é tão arriscado pedalar sozinho em trilhas novas?
Ao se aventurar sozinho por trilhas que você nunca percorreu, você está lidando com várias camadas de incerteza ao mesmo tempo: a topografia do local, a sinalização (ou a falta dela), o grau de dificuldade, a presença de obstáculos técnicos, o tipo de solo e até a possibilidade de encontrar animais selvagens ou atravessar propriedades privadas.
Quando não se tem informações prévias do local, a tomada de decisão fica comprometida. Você pode acabar entrando em trilhas muito além do seu nível técnico, se deparar com bifurcações confusas, perder o sinal de GPS ou até se machucar seriamente sem ninguém por perto para ajudar ou pedir socorro.
Em regiões mais remotas, o tempo de resposta de um resgate pode ser de horas ou até dias. E, nesse intervalo, estar sozinho significa depender 100% do seu preparo físico, psicológico e da sua capacidade de improviso. Nem todos estão prontos para isso — e o preço de um erro pode ser muito alto.
Principais riscos de pedalar sozinho em trilhas desconhecidas
1. Perda ou desorientação
Mesmo com GPS e aplicativos de navegação, é comum perder o sinal em áreas densas de mata ou regiões montanhosas. A ausência de sinalização física agrava o problema. O ciclista pode se perder facilmente e acabar rodando quilômetros sem rumo certo, aumentando a exaustão e o risco de entrar em áreas perigosas.
2. Acidentes sem socorro imediato
Uma queda, uma entorse ou um simples tombo que cause fratura pode deixá-lo incapaz de seguir pedalando. Sozinho, você terá que lidar com a dor, a espera, e até com a falta de recursos para comunicação. Em alguns casos, sem sinal de celular, nem mesmo o pedido de ajuda é possível.
3. Falta de apoio em situações mecânicas
Uma corrente quebrada, um pneu rasgado, um freio que falha… Qualquer um desses problemas pode deixá-lo sem condições de continuar a trilha. Quando você está acompanhado, sempre há a chance de pedir uma peça emprestada ou até voltar rebocado. Sozinho, se você não estiver com o kit completo e conhecimento técnico, o pedal pode acabar ali — a quilômetros de distância do ponto de retorno.
4. Condições climáticas imprevisíveis
Trilhas desconhecidas podem cruzar regiões de microclima instável — como vales úmidos, morros altos ou matas densas — onde mudanças climáticas repentinas são frequentes. Se você for pego por uma chuva intensa, vento forte ou queda de temperatura, e estiver longe do abrigo, a situação pode se complicar rapidamente.
5. Falta de cobertura celular e isolamento total
Mesmo nos dias atuais, muitas áreas de trilha — especialmente em serras, parques florestais e áreas rurais — têm cobertura de celular limitada ou inexistente. Isso significa ficar incomunicável, mesmo em situações críticas. Numa emergência, o simples ato de chamar por ajuda pode se tornar impossível.
Como se proteger ao explorar trilhas novas — mesmo que sozinho
Embora o ideal seja sempre explorar trilhas novas com companhia, há formas de minimizar os riscos se você decidir pedalar solo em locais inexplorados. Veja algumas medidas indispensáveis:
1. Faça um planejamento prévio completo
- Estude o percurso com antecedência por aplicativos como Strava, Trailforks, Komoot ou Wikiloc.
- Veja relatos de outros ciclistas sobre o trajeto.
- Verifique o tipo de terreno, altimetria, pontos de água e possíveis trechos técnicos.
2. Compartilhe sua rota com alguém de confiança
Antes de sair, envie a rota para um amigo ou familiar e informe horário de saída e previsão de retorno. Combine que essa pessoa te procure caso você não dê notícias após determinado tempo.
3. Leve um GPS com mapa offline ou aparelho de localização pessoal
Um ciclocomputador com mapas offline ou dispositivos como o Garmin inReach (com botão de SOS via satélite) podem salvar vidas. Em locais remotos, onde o celular não funciona, esses dispositivos mantêm a comunicação com o mundo externo.
4. Não se arrisque além do seu nível técnico
Ao encontrar trechos muito técnicos ou perigosos, desça da bike e empurre. Não vale a pena forçar uma manobra complicada sem ninguém por perto. Evite trilhas que incluam pedras soltas, descidas íngremes sem escape, travessias de rio ou obstáculos desconhecidos.
5. Carregue um kit de primeiros socorros e ferramentas básicas
Itens como gaze, esparadrapo, soro fisiológico, analgésico, remendo de pneu, bomba, câmaras extras, link de corrente, chave de corrente, multi-ferramenta e até uma manta térmica de emergência fazem toda a diferença quando não há ninguém por perto.
6. Avalie o tempo e leve roupa apropriada
Leve capa de chuva, corta-vento, comida extra, água suficiente e luzes — mesmo que o pedal esteja programado para durar poucas horas. Imprevistos acontecem, e você pode acabar pedalando à noite ou enfrentando frio repentino.
liberdade com responsabilidade
Pedalar sozinho pode ser uma experiência enriquecedora, desde que feita com preparo, planejamento e responsabilidade. Porém, ao entrar em trilhas desconhecidas sem informação, estrutura ou companhia, você transforma a liberdade do pedal em exposição desnecessária a riscos graves.
O MTB é aventura, adrenalina e contato com a natureza — mas também é prudência e respeito aos próprios limites. Se a trilha é nova, vá com um amigo. Se vai sozinho, prepare-se como se fosse uma expedição. Sua segurança é o que permite que você continue explorando, pedalando e curtindo tudo o que esse esporte incrível tem a oferecer.
12. Não estudar a técnica de curvas e obstáculos: um erro que compromete a segurança e a performance
No mountain bike, a habilidade de encarar terrenos variados é o que diferencia um ciclista iniciante de um ciclista experiente. No entanto, um dos erros mais comuns — e muitas vezes subestimados — é ignorar ou não estudar corretamente as técnicas de curvas e superação de obstáculos. Muitos acreditam que basta ter equilíbrio e confiança para vencer qualquer trilha, mas essa ilusão pode resultar em quedas, lesões ou até danos à bicicleta. A verdade é que curvas técnicas e obstáculos naturais (como raízes, pedras, buracos, degraus e troncos) exigem conhecimento, treino e prática contínua.
A falta de técnica afeta diretamente o controle da bike, a fluidez do trajeto e, acima de tudo, a segurança do ciclista. Sem a execução correta de movimentos específicos, mesmo uma trilha de nível intermediário pode se tornar um verdadeiro desafio. Isso vale tanto para quem está começando quanto para ciclistas mais experientes que negligenciam o treinamento técnico.
Curvas no MTB: por que são tão desafiadoras?
As curvas em trilhas de mountain bike não são como as de asfalto. Elas geralmente vêm acompanhadas de desníveis, areia solta, cascalho, raízes ou inclinações acentuadas. E, para fazer uma curva de forma segura e rápida, é necessário coordenar diversos elementos ao mesmo tempo:
- Posição do corpo
- Olhar adiante (e não para o chão)
- Frenagem adequada antes da curva
- Inclinação da bike no ângulo certo
- Distribuição de peso entre frente e traseira
Sem domínio dessas variáveis, o ciclista pode escorregar, sair da trilha, perder o controle da bike ou precisar colocar o pé no chão a cada curva mais fechada. Além disso, a falta de confiança em curvas faz com que muitos reduzam demais a velocidade, quebrando o ritmo e até prejudicando o desempenho em provas e pedaladas em grupo.
Obstáculos naturais: muito mais do que só passar por cima
Raízes, pedras, troncos e buracos são elementos comuns em trilhas de MTB. Cada um desses obstáculos exige uma técnica específica para ser superado com segurança:
- Raízes expostas: o ideal é abordá-las em ângulo reto, aliviando o peso da frente da bike para evitar que a roda escorregue.
- Pedras soltas ou degraus: pedem bom controle de tração e, muitas vezes, o uso de uma técnica chamada “unweighting”, ou seja, aliviar o peso do corpo sobre a bike no momento do impacto.
- Buracos e valas: requerem leitura antecipada do terreno e posicionamento central do corpo, mantendo os cotovelos e joelhos flexionados para absorver o impacto.
- Troncos caídos: em alguns casos é possível usar técnicas como o “bunny hop” (salto com a bike), em outros, o ideal é desacelerar e ultrapassar com a roda dianteira elevada e tração controlada.
Sem conhecimento dessas técnicas, o ciclista fica à mercê do acaso — e muitas vezes acaba travando na trilha ou sofrendo tombos que poderiam ser evitados com a postura e o movimento corretos.
Como desenvolver a técnica de curvas e superação de obstáculos
1. Faça aulas com instrutores especializados
Nada substitui um bom curso técnico de MTB. Instrutores capacitados ajudam a corrigir vícios, ensinar técnicas modernas e dar feedback prático durante a trilha. Um bom curso inclui exercícios em ambientes controlados antes de partir para trechos mais desafiadores.
2. Treine em terrenos variados e progressivos
A melhor forma de aprender é praticando. Comece com curvas abertas em estradas de terra, depois passe para trilhas com curvas em aclives e declives. Da mesma forma, vá ganhando confiança em pequenos obstáculos antes de encarar desafios maiores. A evolução deve ser gradual.
3. Estude vídeos, tutoriais e análises técnicas
O YouTube é uma mina de ouro para quem quer aprender. Canais especializados em MTB oferecem vídeos detalhados sobre curvas em berms, controle de tração, frenagem em terreno solto, superação de raízes, drops e muito mais. Assista com atenção, repita os movimentos mentalmente e coloque em prática no pedal.
4. Use cones ou marcadores para treinar em parques ou quintais
Você pode simular curvas técnicas com cones ou objetos, trabalhando a postura, o olhar e a entrada/saída da curva. Também é possível treinar bunny hops com galhos ou bastões baixos. O importante é criar situações que imitem a trilha, mas em ambiente controlado.
5. Grave seus treinos e analise sua execução
Se possível, peça para alguém filmar você durante a trilha. Ver seus próprios erros é uma forma poderosa de melhorar. Muitas vezes, achamos que estamos com a postura certa, mas o vídeo mostra onde estão os vacilos — como olhar para o chão, frear no meio da curva ou manter o corpo travado.
As consequências de ignorar a técnica: do rendimento ao risco
A falta de domínio técnico afeta todos os aspectos do seu pedal:
- Perda de tempo: você freia demais, coloca o pé no chão, desacelera onde poderia manter a velocidade.
- Maior cansaço físico: sem fluidez nas curvas e obstáculos, seu corpo trabalha mais e se desgasta com movimentos desnecessários.
- Maior risco de acidentes: tombos em curvas e quedas em obstáculos são as causas mais comuns de lesões no MTB.
- Frustração e perda de confiança: quando você sente que está sempre travando nos mesmos pontos da trilha, a diversão vai embora, e o medo começa a tomar conta.
técnica é liberdade sobre duas rodas
Dominar as curvas e obstáculos no mountain bike é o que transforma uma trilha difícil em uma experiência prazerosa. É a técnica que te dá controle, fluidez e segurança. Sem ela, mesmo a melhor bicicleta do mundo não fará milagres. Por isso, trate o aprendizado técnico como parte essencial da sua evolução no esporte. Quanto mais você entende o terreno e como se mover sobre ele, mais liberdade, diversão e confiança você terá sobre a bike.

13. Desconhecer o próprio equipamento: um erro que pode custar caro nas trilhas
Um dos erros mais subestimados por quem pratica mountain bike — especialmente iniciantes, mas também ciclistas intermediários — é não conhecer bem o próprio equipamento. Muitas vezes, o ciclista investe tempo e dinheiro em uma bicicleta de qualidade, com componentes modernos e tecnologias avançadas, mas falha em entender como cada parte funciona, como ajustá-la corretamente e como ela deve ser usada de forma estratégica em diferentes tipos de terreno. Esse desconhecimento pode comprometer não só o desempenho e a eficiência nas trilhas, mas também colocar a segurança do ciclista em risco.
Imagine entrar em uma trilha técnica sem saber como funciona o sistema de suspensão da sua bike, sem entender a relação entre as marchas, ou sem saber como usar corretamente os freios hidráulicos. São situações mais comuns do que parecem — e os efeitos disso vão desde perda de controle até acidentes evitáveis.
O que significa realmente conhecer seu equipamento?
Conhecer sua mountain bike vai muito além de saber o modelo, a marca e o número de marchas. Trata-se de entender cada componente da bike e como ele influencia seu desempenho no pedal. Vamos explorar os principais pontos que todo ciclista deve dominar:
1. Grupo de transmissão e uso adequado das marchas
Muitos ciclistas não sabem exatamente quando e como trocar de marcha de forma eficiente. Isso leva a trocas em momentos inadequados (como durante subidas íngremes com alta carga na corrente), o que pode causar desgaste prematuro, travamentos e até quebras. Entender a lógica da transmissão, saber qual é a marcha mais leve e a mais pesada, e como combiná-las com o terreno, é essencial para pedalar com fluidez e economizar energia.
2. Sistema de suspensão dianteira e traseira
Suspensões modernas possuem ajustes de compressão, retorno e trava. Ignorar esses recursos significa perder desempenho e conforto. Em terrenos com muitas pedras ou raízes, por exemplo, deixar a suspensão travada compromete a absorção dos impactos. Já em subidas longas, manter a suspensão liberada pode desperdiçar energia. Conhecer os ajustes ideais para cada situação e saber usar a trava com inteligência faz toda a diferença.
3. Tipo e funcionamento dos freios
Freios a disco, especialmente os hidráulicos, possuem muito mais sensibilidade do que os freios v-brake tradicionais. Entender como dosar a força em cada manete — e saber que o freio dianteiro tem mais potência, mas exige cuidado — é fundamental para evitar derrapagens e quedas. Conhecer o ponto de frenagem ideal antes de uma curva ou descida também entra nesse pacote.
4. Geometria da bike e ajustes ergonômicos
Cada bicicleta tem uma geometria específica pensada para determinado estilo de pedal. Uma MTB para cross-country (XC) tem uma postura mais agressiva e leveza para subidas, enquanto uma trail bike tem geometria voltada para estabilidade em descidas técnicas. Conhecer o tipo da sua bike e ajustar o selim, o guidão e as manetes de freio à sua altura e estilo de pedal melhora o conforto e evita dores nas costas, punhos e joelhos.
5. Pneus, pressão e tipo de terreno
O tipo de pneu e a calibragem ideal variam de acordo com a trilha. Pneus com cravos mais agressivos são melhores em terrenos soltos, enquanto modelos mais lisos são indicados para estradões e trilhas rápidas. Saber a calibragem correta — e ajustá-la conforme o peso do ciclista, o tipo de terreno e o sistema (com ou sem câmara) — evita furos, aumenta a tração e melhora o desempenho.
6. Acessórios e componentes extras
Muitos ciclistas pedalam com ciclocomputadores, suspensões com trava remota, dropper posts (canote retrátil), pedais clipless, entre outros recursos. No entanto, nem sempre sabem como utilizá-los de forma estratégica. Por exemplo: usar um dropper post nas descidas aumenta a mobilidade e o controle da bike, mas só é eficaz se o ciclista souber acionar no momento certo. Da mesma forma, o uso dos pedais clipados exige prática para evitar quedas paradas.
Consequências de não conhecer o próprio equipamento
Ignorar o funcionamento do seu equipamento pode gerar problemas sérios:
- Desgaste prematuro de componentes, como corrente, cassete, câmbio e suspensão.
- Redução da eficiência de pedalada, com mais esforço físico para menor rendimento.
- Maior risco de quedas, especialmente por falhas de frenagem, postura incorreta ou uso inadequado de marchas e suspensão.
- Falta de confiança em trilhas técnicas, levando o ciclista a travar diante de obstáculos simples que poderiam ser superados com técnica e conhecimento do equipamento.
- Dificuldade para resolver problemas mecânicos durante o pedal, como ajuste de câmbio, furo de pneu, ou travamento de suspensão.
Como evitar esse erro e se tornar íntimo da sua bike
1. Leia o manual da bicicleta e dos componentes
Pode parecer óbvio, mas a maioria dos ciclistas simplesmente ignora os manuais. Eles contêm informações preciosas sobre funcionamento, manutenção e configurações ideais.
2. Faça revisões periódicas com um bom mecânico e aprenda com ele
Não basta deixar a bike na oficina — aproveite para tirar dúvidas, observar o que está sendo feito e pedir explicações sobre os ajustes. É uma forma prática de aprender mais sobre sua bike.
3. Assista vídeos e faça cursos de mecânica básica
Hoje existem inúmeros tutoriais de alta qualidade na internet, desde troca de marchas e ajuste de suspensão até a troca de pastilhas de freio. Se possível, participe de oficinas de mecânica básica oferecidas por lojas ou grupos de ciclismo.
4. Faça testes e anotações durante os pedais
Experimente diferentes configurações: pressão dos pneus, altura do selim, posição do guidão, uso da trava da suspensão… Observe o que muda no seu desempenho e conforto. Com o tempo, você vai entender o que funciona melhor para seu estilo de pedal e para os tipos de trilha que mais faz.
sua bike é sua parceira — conhecê-la é obrigação
A mountain bike é uma máquina complexa, cheia de detalhes técnicos que influenciam diretamente sua experiência no pedal. Ignorar isso é como dirigir um carro sem saber usar o câmbio ou os freios. Conhecer seu equipamento é o que permite extrair o melhor dele e de você mesmo. Quando você entende como sua bicicleta funciona, você não apenas pedala melhor — você pedala com mais segurança, mais eficiência e muito mais prazer.
14. Pedalar sem aquecimento ou alongamento: um erro que compromete sua performance e aumenta os riscos de lesão
No universo do mountain bike, muitos ciclistas — especialmente os iniciantes — cometem um erro grave que, à primeira vista, pode parecer inofensivo: começar a pedalar sem realizar qualquer tipo de aquecimento ou alongamento prévio. É comum ver praticantes ansiosos por iniciar logo a trilha ou o treino, esquecendo completamente da preparação física necessária para encarar subidas, descidas, terrenos técnicos e longas horas em cima da bike. Essa negligência, no entanto, pode trazer consequências sérias tanto para o desempenho quanto para a saúde do corpo a curto, médio e longo prazo.
A importância do aquecimento: ativando corpo e mente para o pedal
O aquecimento é o primeiro passo essencial antes de qualquer prática esportiva — e com o mountain bike, isso não é diferente. Ele tem como principal função preparar o corpo para o esforço físico que está por vir. Por meio de movimentos dinâmicos e de baixa intensidade, o aquecimento:
- Aumenta gradualmente a frequência cardíaca;
- Eleva a temperatura corporal;
- Melhora a oxigenação muscular;
- Estimula a lubrificação das articulações;
- Ativa grupos musculares importantes para a pedalada;
- Melhora a coordenação motora e o tempo de reação.
Em termos simples, aquecer é acordar o corpo para o exercício. Ignorar esse passo é como tentar acelerar um carro com o motor frio: o desempenho não será o mesmo, e a chance de desgaste ou quebra aumenta significativamente.
Para ciclistas de mountain bike, onde o esforço é intenso e os terrenos são imprevisíveis, o aquecimento é ainda mais relevante. Entrar direto numa subida técnica, por exemplo, sem que os músculos estejam preparados, pode causar contrações dolorosas, fadiga precoce e até mesmo lesões musculares ou articulares.
Alongamento: preparando a musculatura e prevenindo lesões
Diferente do aquecimento, que deve ser feito antes da atividade, o alongamento deve ser inserido tanto antes quanto depois do pedal, com objetivos diferentes em cada momento.
- Antes do pedal, o ideal é fazer alongamentos dinâmicos, que envolvem movimentos controlados e progressivos, como rotações de braços, joelhos e quadris, elevação de pernas e flexões suaves. Isso ajuda a aumentar a amplitude dos movimentos e prepara o corpo para o esforço.
- Depois do pedal, o foco deve ser nos alongamentos estáticos, mantidos por pelo menos 20 a 30 segundos. Eles ajudam a reduzir a tensão muscular acumulada, melhoram a flexibilidade e aceleram a recuperação.
Os músculos mais exigidos durante o mountain bike — como quadríceps, isquiotibiais, glúteos, panturrilhas, lombar, ombros e pescoço — devem receber atenção especial nos alongamentos. Uma musculatura encurtada ou rígida pode limitar seus movimentos, gerar compensações posturais e aumentar significativamente o risco de lesões.
Consequências de pedalar sem aquecer ou alongar
Negligenciar o aquecimento e o alongamento pode trazer vários prejuízos ao corpo e ao desempenho, entre eles:
- Lesões musculares: distensões, estiramentos e até rupturas podem ocorrer, principalmente em pedais mais exigentes.
- Dores articulares: falta de mobilidade e ativação prévia sobrecarrega articulações como joelhos, tornozelos e punhos.
- Câimbras: músculos despreparados são mais propensos a contrações involuntárias dolorosas durante o esforço.
- Rigidez muscular no dia seguinte: a recuperação é mais lenta quando o corpo não é devidamente alongado após o exercício.
- Desempenho reduzido: sem aquecimento, os músculos não atingem sua performance máxima, resultando em menor eficiência e mais cansaço.
- Maior risco de quedas: o corpo menos ágil e os reflexos mais lentos aumentam a chance de acidentes, especialmente em trilhas técnicas.
Como aquecer corretamente antes do mountain bike
Um bom aquecimento leva cerca de 10 a 15 minutos e pode ser feito fora da bike ou sobre ela. Veja algumas sugestões:
Fora da bike:
- Marcha leve no lugar ou corrida leve (2 minutos)
- Elevação alternada de joelhos (1 minuto)
- Agachamentos leves (2 séries de 15)
- Rotação dos braços, ombros e quadris
- Mobilidade de tornozelos e punhos
Sobre a bike:
- Pedal suave em ritmo leve por 5 a 10 minutos
- Acelerações progressivas para ativar a musculatura
- Pequenas subidas para ativar os quadríceps
Alongamentos essenciais após o pedal
Depois do treino ou trilha, reserve 5 a 10 minutos para fazer alongamentos dos principais grupos musculares:
- Quadríceps (puxando o pé para trás com o joelho flexionado)
- Isquiotibiais (alongamento com perna esticada à frente)
- Panturrilhas (com o pé apoiado na parede ou no chão)
- Glúteos (cruzando a perna sobre a coxa oposta, deitado ou sentado)
- Coluna lombar (torções suaves deitado no chão)
- Pescoço e ombros (inclinação lateral e rotações)
Manter a regularidade desses alongamentos não só melhora sua mobilidade como ajuda a prevenir dores e tensões crônicas, especialmente se você pedala com frequência.
aqueça, alongue e pedale melhor
A pressa para começar o pedal não deve ser maior do que o cuidado com o seu corpo. Um simples ritual de preparação física pode ser o divisor de águas entre um pedal eficiente e prazeroso — ou um cheio de dores, cansaço precoce e até lesões. Aquecer e alongar são atitudes que demonstram respeito pelo seu corpo, responsabilidade com sua saúde e inteligência esportiva. Portanto, antes de subir na bike e encarar as trilhas, lembre-se: preparar o corpo é tão importante quanto preparar a bike.
15. Subestimar o clima e as condições do terreno: um erro que pode transformar o pedal em dor de cabeça
No mountain bike, não basta apenas ter uma bicicleta ajustada, um bom condicionamento físico e vontade de explorar trilhas incríveis — é essencial também estar atento a dois fatores que muitas vezes são subestimados até pelos ciclistas mais experientes: o clima e as condições do terreno. Ignorar essas variáveis pode transformar um passeio prazeroso em uma jornada frustrante, perigosa e até arriscada.
É muito comum ver ciclistas que, empolgados com uma nova trilha ou simplesmente motivados a treinar, saem para pedalar sem sequer verificar se vai chover, se a região teve chuvas recentes que tornaram o solo escorregadio, ou se haverá variações extremas de temperatura. Essa falta de atenção pode comprometer não apenas a segurança, mas também o rendimento e o aproveitamento do pedal.
Clima instável: quando o céu bonito engana
Um dos maiores erros cometidos por ciclistas de mountain bike é confiar apenas no visual do céu antes de sair para pedalar. Um dia que começa com sol pode, rapidamente, virar um cenário de tempestade, especialmente em regiões montanhosas, vales ou florestas tropicais, onde o clima muda drasticamente em questão de minutos.
Consequências de subestimar o clima:
- Tempestades repentinas: aumentam o risco de raios, quedas de galhos e encharcamento do terreno;
- Lama excessiva: dificulta a tração dos pneus e exige mais esforço físico;
- Frio intenso ou calor extremo: impactam diretamente na performance, hidratação e no risco de problemas como hipotermia ou insolação;
- Ventos fortes: podem desestabilizar o ciclista em trechos técnicos ou descidas rápidas;
- Chuvas prolongadas: transformam trilhas em armadilhas escorregadias, comprometendo a segurança nas curvas, descidas e subidas com pedras ou raízes.
Antes de sair para a trilha, sempre consulte boletins meteorológicos confiáveis e aplicativos especializados (como Windy, Climatempo ou AccuWeather). Verifique também não apenas a previsão do momento, mas as condições das últimas 24 a 72 horas.


Olá! Eu sou Otto Bianchi, um apaixonado por bicicletas e ciclista assíduo, sempre em busca de novas aventuras sobre duas rodas. Para mim, o ciclismo vai muito além de um esporte ou meio de transporte – é um estilo de vida. Gosto de explorar diferentes terrenos, testar novas bikes e acessórios, além de me aprofundar na mecânica e nas inovações do mundo do pedal. Aqui no site, compartilho minhas experiências, dicas e descobertas para ajudar você a aproveitar ao máximo cada pedalada. Seja bem-vindo e bora pedalar!